Reportagens Sobre o Brasil na Imprensa Internacional
13 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aspectos positivos, Financial Times, observações sobre os riscos, reportagens sobre o Brasil
De longe, a China é o país mais noticiado na imprensa internacional, mas o Brasil também desperta muito interesse, com uma ponta de ironia nos jornais ingleses, como o Financial Times, como num longo artigo escrito por Joe Leahy ontem. Já começa alertando que um programa econômico que se beneficiou do boom mundial das commodities corre o risco de ser colocado fora da atual corrente. Mas rende-se à realidade que o governo Lula da Silva promoveu o desenvolvimento com uma melhoria da distribuição de renda, ainda que atribua a maior contribuição aos fatos como Bolsa Família. Ele toma o caso da pequena cidade de Lauro de Freitas, na proximidade de Salvador, na Bahia, como indicador do que estão chamando de “Lulismo”, que combina uma marca de economia do bem-estar social, aumentos generosos de salários e crédito fácil, que começa a ser adotado também em outros países sul-americanos.
Mas o artigo admite que de 2003 até hoje cerca de 49 milhões de brasileiros ascenderam para a classe média ou até à classe média alta, segundo a Fundação Getúlio Vargas. A renda familiar da chamada classe D e E aumentou 1,8% ao ano desde que Lula da Silva assumiu o poder, e o número desta população declinou de 96 milhões para 64 milhões, ao contrário da China onde a renda familiar cresceu menos 2% ao ano do que o PIB daquele país. O Brasil aumentou seus shoppings centers, causando inveja aos europeus que amargam dias difíceis.
O artigo cita alguns críticos, afirmando que se trata de uma bolha, não havendo investimentos expressivos. Mas registra que muitos outros, ainda que com preocupações, admitem que o crescimento atual seja robusto e sustentável, chegando a se denominar Consenso de Brasília em contraposição com o de Washington que fracassou. O que muitos não entendem é que 2010 foi um ponto fora da tendência, pois o crescimento médio continua em torno de 4 a 5% ao ano, que já é expressivo para uma economia como a brasileira, ainda que não chegue aos números da China ou da Índia. Não se duvida que a economia brasileira foi beneficiada pelo crescimento que ocorreu no mundo, aumentando da demanda de produtos primários e seus preços.
Que existem problemas ninguém duvida, mas todos os processos de desenvolvimento geram tensões que precisam ser superadas. O governo está anunciando um novo programa que deve se denominar “Brasil Maior”, corrigindo algumas distorções, além de se preocupar constantemente com o processo inflacionário, que já vem declinando, apesar dos prognósticos pessimistas do setor financeiro.
Muitos lançam preocupações sobre o endividamento das famílias, mas o que se verifica numa comparação com outros países é que os dados brasileiros continuam mais saudáveis.
Os ingleses criticam os chineses, pois eles não adotam o sistema democrático que os liberais gostariam, e apontam muitas das suas dificuldades. Mas o fato concreto é que a economia chinesa continua crescendo, mesmo com os seus problemas. Algo semelhante acaba acontecendo com o Brasil e a Índia, que são países democráticos, mas que, certamente, têm problemas a serem superados com o crescimento que apresentam. Parece melhor crescer com alguns problemas a continuar se deteriorando como em muitos países considerados desenvolvidos, agravando ao mesmo tempo muito dos seus inúmeros problemas.