A Indústria é Fundamental Para Empregos de Qualidade
10 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: atividade industrial é fundamental, Dani Rodrik, empregos de qualidade, Project Syndicate
A organização Project Syndicate divulga o artigo do professor Dani Rodrik de Economia Política Internacional da Universidade de Harvard. Ele reafirma que a indústria é fundamental para proporcionar empregos de qualidade em qualquer economia. O professor Delfim Netto vem defendendo esta tese no caso da economia brasileira, que passa por um período de contrição de suas atividades manufatureiras que já tinham conquistado uma complexidade razoável diante do nível de renda do país, sofrendo agora com os elevados juros e câmbio valorizado mantidos por uma política econômica com problemas há alguns anos.
O professor Rodrik alerta que alguns países correm risco na saúde de suas atividades industriais pensando que devemos viver numa era pós-industrial com tecnologias da informação, biotecnologia e serviços de alto valor que direcionam a economia. Estes exigem mão-de-obra qualificada e criam poucos empregos. A indústria, ao contrário, cria muitos empregos estáveis exigindo habilidades moderadas, proporcionando salários e benefícios expressivos. É nela que a classe média mundial cresce e ganha forma, e sem ela a sociedade tende a se dividir entre ricos e pobres. A indústria é fundamental para manter a democracia, segundo o professor Rodrik.
Professor Dani Rodrik em foto do New York Times
Os serviços estão proporcionando os empregos eliminados nas indústrias, mas são conjuntos mistos. Alguns serviços financeiros e correlatos criam a qualidade de empregos equivalentes a da indústria, mas são poucos. Mas, em sua maioria, são trabalhos de mais modesta produtividade, aumentando a desigualdade como nos Estados Unidos. Algo similar acontece na Inglaterra. O emprego na manufatura está aumentando na China.
Para as economias em desenvolvimento, as manufaturas são vitais. Foi o que aconteceu na Europa nos anos 50 e acontece na Ásia depois dos anos 60. Na Índia, o enfraquecimento da indústria é um problema, mesmo com a criação de emprego na informática, que agora está ameaçado pela volta dos call centers para as economias desenvolvidas. A indústria melhora a alocação de recursos e proporciona dinamismo à economia, aproximando-os das economias desenvolvidas. A avaliação do comportamento da indústria não pode ser isolada, mas considerando o conjunto em que está inserida. Na Ásia, as economias estão sendo abertas para o exterior, mediante câmbios competitivos, que é, segundo Rodrik, a melhor forma de proporcionar mais resultados para a indústria.
Na medida em que as economias se desenvolvem ficando mais ricas, as indústrias se tornam menos importantes, podendo haver um desequilíbrio perigoso entre a estrutura econômica e sua força de trabalho, como vem acontecendo recentemente no mundo.