Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fundo da Índia para Novos Projetos de Infraestrutura

30 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: colaboração japonesa, corredor Nova Delhi para Mumbai, enfoque sistêmico, iniciativas da Índia

Todos sabem que existe uma forte ligação entre diversos projetos de infraestrutura onde, se consideradas em seu conjunto, de forma sistêmica, uns podem proporcionar vantagens para outros, fazendo com que a eficiência do conjunto seja maior do que quando considerados isoladamente. Isto só é possível quando as autoridades estão envolvidas fortemente, coordenando os trabalhos que são executados mais eficientemente pelo setor privado. O exemplo recente mais marcante é o Corredor de Nova Delhi até Mumbai, que foi acertada bilateralmente entre o Japão e a Índia, que está sendo ampliado para receber contribuições do Banco Mundial e do Banco Asiático de Desenvolvimento.

Houve um período em que estes projetos eram usuais, como quando se desenvolveu o sistema que permitia a exploração das minas brasileiras, cujas produções eram escoadas de forma eficiente até os portos como Tubarão e Itaqui, para que os minérios fossem transportados com as melhores tecnologias até os portos asiáticos, visando abastecer de forma competitiva as siderúrgicas da Ásia, tendo com carga de retorno o petróleo proveniente do Golfo, do qual o Brasil necessitava na época. Eles chegaram a se chamar National Projects recebendo um suporte coordenado tanto do Japão como de organismos financeiros internacionais voltados ao desenvolvimento, como o Banco Mundial.

imagesporto

Navios sendo carregados no Porto de Tubarão

Depois, houve um período de predominância de um pensamento econômico liberal que condenava a intervenção governamental, acreditando-se que a iniciativa privada sozinha era mais eficiente até para projetos de grandes envergaduras. Hoje, com a presença de países como a China e a Índia, onde sempre os governos tiveram papéis preponderantes, volta-se a realidade dos governos indutores, até com o uso de mecanismos como os públicos-privados, que procuram aproveitar a eficiência privada com os suportes governamentais indispensáveis para os projetos de longa maturação cujos benefícios se espalham por toda a economia. As economias de escala e aglomeração proporcionam ganhos que são difíceis de serem tributados, acabando sendo aproveitados por muitas empresas. Mas parece que se admite que a coordenação pública acabe sendo indispensável.

A Índia anuncia que o DMIC – The Delhi-Mumbai Industrial Corridor, que se estende por 1.500 quilômetros de ferrovias, vai acabar sendo coordenado por uma empresa de desenvolvimento, com fundos provenientes do governo da Índia, além de estarem sendo negociados recursos do Banco Mundial e do Banco de Desenvolvimento Asiático, segundo Amitabh Kant, seu chefe executivo, o que acabou sendo noticiado pelo jornal japonês Nikkei.

Espera-se que o fundo para tanto acabe contando com US$ 90 bilhões, que deve arcar com 35 a 40% dos custos dos projetos, que vão deste a melhoria ferroviária, parques industriais e centros de distribuição ao longo da rota. O governo local deve providenciar as melhorias de abastecimento de água e energia e estimular as empresas japonesas a se instalarem neste corredor.