Inevitável Queda da Demanda Mundial de Petróleo
11 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: aumento da oferta de petróleo, estimativas do IEA, Financial Times, queda na demanda
Num artigo de David Blair, publicado no Financial Times, consta que os elevados preços do petróleo tendem a cair, com o aumento da oferta da Arábia Saudita para compensar a redução da produção da Líbia, e o crescimento mais lento da demanda diante da menor expansão prevista para a economia mundial, utilizando informações da IEA – International Energy Agency.
Em junho último, a demanda não cresceu, segundo a IEA. A produção da Arábia Saudita alcançou o nível mais alto dos últimos 30 anos, chegando a 9,8 milhões de barris diários no mês passado, com a OPEP compensando a diminuição da oferta da Líbia. A demanda asiática teve um decréscimo de 500 mil barris, comandada pela China, que vinha aumentando os seus estoques, livrando-se dos seus ativos financeiros. Nos últimos 12 meses, a demanda global não cresceu, mantendo-se no mesmo nível.
Com os problemas da Europa e dos Estados Unidos com seus débitos públicos, espera-se uma redução do crescimento econômico mundial, provocando uma demanda de petróleo mais fraca, inclusive na China e na Índia. Deve-se ressaltar, também, o aumento da oferta de outras fontes de energia, como o gás. Isto traz riscos para projetos como o do pré-sal, pois suas substanciais produções podem chegar atrasadas no mercado, quando ela já estiver devidamente abastecida, provocando queda nos preços do petróleo.
O autor do artigo estima que o crescimento da economia mundial que estava na taxa de 4,4% deverá se aproximar dos 3%, tendo como consequência à redução da demanda de petróleo, que deverá ficar ao nível de 89,8 milhões de barris diários, quando antes estava previsto para 91,1 milhões.
Existem analistas que preveem que a economia mundial não deve sofrer o que chamam de duplo mergulho, com nova queda acentuada, mas um crescimento mais modesto do que previsto anteriormente aos problemas das dívidas públicas.
Ainda assim, há que se considerar que a OPEP, como um cartel eficiente, sempre perseguiu um preço do petróleo que compensasse a queda do valor do dólar, que está ocorrendo no momento. Assim, há uma possibilidade de redução da sua oferta, para permitir que o preço do petróleo mantenha o mesmo poder de compra, considerando a desvalorização da moeda norte-americana.
Hoje, o mundo dispõe de estoques de emergência, mas parte deste petróleo poderá ser desovado, diante do menor crescimento econômico, fazendo com que não haja mudanças bruscas nos seus preços da mais importante commodity da economia mundial.
Tudo isto significa que as pressões inflacionárias que estavam ocorrendo no Brasil e no mundo tendem a serem reduzidas.