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Primeiro Ministro Yoshihiko Noda se Compara ao Dojo

31 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Gastronomia, Política, webtown | Tags: dojo, repercussões no The Wall Street Journal, tradicional culinária japonesa, Yoshihiko Noda | 3 Comentários »

Muitos políticos usam imagens conhecidas do público para se autodefinirem, como fez o novo primeiro-ministro japonês Toshihiko Noda, mas não se esperava uma repercussão tão ampla, chegando a merecer um artigo escrito por Yoree Koh e Andrew Joyce no famoso e internacional The Wall Street Journal. Ele se comparou a um dojo, um peixe que hoje só é oferecido em restaurantes tradicionais como o Komakata Dozeu de Asakusa, que é apreciado pelos que conhecem a culinária tradicional do Japão.

Tudo indica que Toshihiko Noda procurou definir-se como um político que procura trabalhar nos bastidores, não pretendendo apresentar-se como um líder vistoso, mostrando-se humilde, como é apreciado pela opinião pública japonesa. Nas primeiras manifestações, ele vem indicando uma grande capacidade de comunicação, ao mesmo tempo em que procura a acomodação com as lideranças tradicionais do seu Partido Democrático do Japão, o DPJ. Seu posicionamento vem agradando aos analistas mais rigorosos, merecendo até comparações com o ex-primeiro ministro Junichiro Koizumi, ainda que não tenha ainda o mesmo carisma. É uma grande esperança para tirar o Japão do marasmo em que se encontra.

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Restaurante Komakata Dozeu e seus pratos com dojo. Fotos: Yoree Koh/The Wall Street Journal

O dojo é um peixe pequeno apreciado de diversas formas, grelhado, cozido, normalmente sobre braseiros de carvão. No passado, ainda filhotes eram servidos junto com o tofu, o queijo de soja, e na medida em que o caldo esquentava penetrava nos mesmos. Mas isto já está proibido, por ser considerada uma forma cruel de tratamento com relação aos peixes.

Ainda que o assunto tenha sido tratado no importante jornal econômico dos Estados Unidos, lido em todo o mundo, até mesmo muitos japoneses não conhecem mais esta iguaria, que nunca foi muito popular, mas exige um mínimo de conhecimento sobre o Japão.

Para os que não conhecem Tóquio, esclareça-se que o bairro de Asakusa é considerado da parte baixa (geograficamente) da Capital japonesa, onde ainda se encontram os aspectos mais tradicionais da cultura japonesa, sendo visitada por muitos turistas. Com a construção da nova torre de televisão na sua proximidade, junto ao rio Sumida, está se registrando uma reativação desta região.

Até o tradicional carnaval dos brasileiros em Tóquio, com o desfile de uma escola de samba, ocorre nesta parte desta grande metrópole. O fato concreto é que a simples menção do dojo pelo novo primeiro-ministro já despertou uma maior procura pelo peixe, havendo um prato no qual se aprecia os seus ossos que, como em todos dos frutos do mar, são ricos em cálcio.

São apreciados como petiscos acompanhados de bebidas.


3 Comentários para “Primeiro Ministro Yoshihiko Noda se Compara ao Dojo”

  1. Massa
    1  escreveu às 09:39 em 2 de setembro de 2011:

    Vi o seu discursso na NHK hoje.

    Não dou 2 ano pra esse homem permanecer no cargo e olhe que estou sendo otimista, pois a maioria caiu antes disso.

    Enfim, o problema não é o carisma dos japoneses, mas sim a falta de visão de longo prazo pois, liderança não é saber ser carismatico, mas saber explicar ao povo, as metas e como chegar lá com clareza.

    Infelizmente, não vi nesse novo ministro essa clareza, faltou coragem, seus olhos eram tímidos.

    Entendo que os lideres japoneses são assim, mas o Mundo mudou, assim como o Japão, logo eles precisam mudar também, não é?

    Veja o discurso de Winston Churchill no parlamento quando assumiu o cargo no início da 2GM !

    O Japão precisa de gente assim !

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 10:11 em 2 de setembro de 2011:

    Caro Massa,

    Cada um de nós tem uma visão diferente, mesmo sobre dados objetivos. Meus amigos mais experientes, mesmo reconhecendo as dificuldades do novo governo, ficaram na maioria com impressões melhores que as suas. No Japão é preciso aparecer demasiadamente ousado no começo, e ele se comparando com um dojo, e não um vistoso peixe, mostra que entende bem da alma japonesa. A composição do novo gabinete mostra a sua habilidade, costurando as diversas facções, deixando os mais conservadores em posições de aconselhamento, e jovens nas funções executivas mais diretas. Parece um bom começo, e sempre estes que estão na idade em torno dos cincoenta anos, podem fazer grandes trabalhos. As esperanças é que ele repita algo parecido com Koizumi, que começou sem grande empolgação e deixou saudades quando se recusou continuar no comando da política japonesa.

    Paulo Yokota

  3. Paulo Yokota
    3  escreveu às 10:14 em 2 de setembro de 2011:

    Caro Massa,

    Verifiquei que houve um erro na minha resposta, e acho que deve se entender por todo o texto, que desejava expressar que NÃO deve se aparentar demasiadamente ousado, no começo.

    Paulo Yokota