Choque de Gestão Também no Japão
4 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: ação do governo depende da burocracia, choque de gestão no Japão, promoção de vice-ministros envolvidos | 3 Comentários »
Todos sabem que no Japão, mais que em muitos outros países como o Brasil, o poder da burocracia governamental é bem grande. O prestigioso jornal japonês The Yomiuri Shimbun, que tem uma impressionante tiragem de 10 milhões de exemplares diários, noticia as elevadas expectativas com o novo governo Yoshihiko Noda, pois muitos novos ministros são reconhecidos como business-oriented, alguns com experiências acumuladas como vice-ministros nas pastas que passam a ocupar. Como em todos os regimes parlamentaristas, a totalidade dos ministros são membros da Câmara Baixa ou do Senado, e não podem perder tempo para se entrosar com os assuntos que necessitam liderar.
Primeiro-ministro Yoshihiko Noda à frente do novo ministério japonês
A ministra da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, Yoko Komiyama, foi promovida do posto de vice-ministra sênior e está familiarizada com os assuntos da sua pasta. Tinha encontrado dificuldades na implementação de projetos e ela poderá acelerar os mesmos. Estava se empenhada na melhoria da taxa de natalidade, mas o seu partido e o governo anterior não tinham condições para ajudá-la. O novo ministro do Meio Ambiente, Goshi Hosono, tinha a responsabilidade do assunto de sua pasta, mas a energia nuclear estava sob outro ministério, e ele passou a acumular estes assuntos.
O ministro da Agricultura, Floresta e Pesca, Michihiko Kano, foi reconfirmado no cargo, e um alto funcionário deste ministério informa que ele é muito business-oriented. Ele estará atarefado com os assuntos relacionados com os efeitos da radiação sobre estes setores. O novo ministro das Terras, Infraestrutura, Transportes e Turismo, Takashi Maeda, é um ex-burocrata do ministério da Construção.
Masaharu Nakagawa retornou ao ministério da Educação, Cultura, Esportes e está a par dos assuntos da pasta. Antigos líderes de governos locais participam dos novos ministérios, como Yoshihiro Murai, ex-governador de Miyagi, tendo bom relacionamento com o novo primeiro-ministro. Outros exerceram papéis na administração de organismos locais.
O governo anterior sofreu com as críticas sobre a baixa velocidade na solução dos problemas de reconstrução, que continuam sendo prioritários na nova administração. O adequado entrosamento da classe política com a burocracia é fundamental para dar velocidade às gestões para resolver os principais problemas japoneses.
Mas é preciso ter uma qualificação da eficiência encontrada na gestão privada, pois no Japão costuma-se necessitar de um razoável consenso de diversos setores para a implementação dos diversos projetos. O novo primeiro-ministro vem se mostrando sensível a esta coordenação, comunicando-se de forma prática com os diversos segmentos envolvidos nos problemas.
Como necessita do suporte político, ele encontrou formas de acomodar as diversas correntes, cedendo postos partidários para os considerados mais conservadores, e escolhendo jovens para as funções executivas, com bom relacionamento com a burocracia governamental.
Todos alimentam esperanças que o novo governo consiga um bom equacionamento, pois a recuperação japonesa é importante no mundo, que também enfrenta problemas complexos nos principais países desenvolvidos, enquanto os emergentes dependem de suas exportações para as regiões industrializadas.
Desejo, sinceramente, que o Sr. Noda fique bem mais tempo no cargo do que os seus antecessores. O povo nipônico não merece esta “instabilidade” política. O Japão precisa voltar a crescer.
Caro Olavo Alves,
Obrigado pelo comentário, e acredito que seus primeiros pronunciamentos estão indicando uma grande qualificação para conseguir estabelecer um apoio apreciável, mesmo dentro da Dieta.
Paulo Yokota
Caro Olavo Alves,
Todos nós estamos torcendo para que os novos líderes japoneses, que estão com os prestígios mais altos que os anteriores, tenham uma boa administração.
Paulo Yokota