Festival do Brasil em Tóquio
4 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: ameaças do tufão Talas, Festival do Brasil em Tóquio, Parque Yoyogi, programa coordenado pela Câmara de Comércio | 2 Comentários »
Existem dois eventos já tradicionais que os brasileiros residentes no Japão promovem em Tóquio. O primeiro é um desfile de escolas de samba, muito popular, que costuma ser apresentado no bairro de Asakusa em agosto, que atraem muitos japoneses no verão daquele país. Infelizmente, em respeito aos desastres naturais que afetaram o Nordeste do Japão, cancelou-se o evento neste ano. O segundo é um Festival do Brasil coordenado pela Câmara de Comércio do Brasil no Japão, que além de apresentações musicais promovem os costumes brasileiros, como o churrasco e a feijoada que atraem multidões de japoneses, principalmente os que já estiveram no Brasil e ficam com saudades das coisas brasileiras. Contam com a participação de diversas entidades brasileiras de outras regiões do Japão.
O Festival começou bem no dia 2 de setembro, sexta-feira (o horário japonês está 12 horas à frente da brasileira), com uma intensa programação que deve se estender pelo fim de semana. Mas infelizmente o tufão Talas está atingindo a região de Tóquio nestes dias, prejudicando a riqueza das promoções, pois estão provocando tempestades com muitos feridos e alguns mortos. Apesar das presenças de algumas personalidades artísticas brasileiras e conhecidas pelas suas presenças na televisão, muito vista pelos que acompanham do Japão o que acontece no Brasil.
Além da divulgação pelos veículos relacionados com a comunidade dos brasileiros, o Festival mereceu também um artigo publicado no The Japan Times. O que se observa na imprensa asiática é a intensidade do interesse com que acompanham recentemente os principais acontecimentos brasileiros, como o que acontece com a economia, que sofreu um ligeiro desaquecimento recente, a redução de juros decidida pelo Copom, como as notícias relacionadas com a seleção brasileira de futebol profissional, ainda que se trate de um simples amistoso como Gana. Também as notícias relacionadas com a atuação das empresas japonesas no Brasil, como novos projetos industriais e até pequenas instalações de lojas de vendas dos tênis japoneses em São Paulo, estão sendo divulgadas.
Tudo isto reflete a possibilidade de aumento do intercâmbio bilateral, pois o Japão está procurando alternativas para expandir suas atividades no exterior, e o Brasil acaba sendo um dos principais alvos dos interesses comerciais dos japoneses, mesmo com as dificuldades que enfrentam, ou até por causa delas.
Parece tratar-se de um momento especial, como o que já aconteceu no passado, onde a intensidade dos intercâmbios bilaterais tornou o Brasil e o Japão dois dos parceiros mais expressivos no mundo, quando ainda não ocorria a globalização que hoje se observa. Não se pode deixar de aproveitar esta nova oportunidade que se abre.
Talvez um pouco off topic, mas vamos lá.
Me lembro do Paulo Francis dizendo que nunca ouviu falar de Elvis Presley quando morou em Nova York nos anos 50, no auge da carreira do cantor.
É o que ocorre com eventos como esse. Tokyo “não parou”, como escrevem reporteres com estilo duvidoso de redação. Eventos como esse ocorrem literalmente às centenas em Tokyo, uma cidade rica em eventos culturais e muito mais aberta que a brasileira à cultura alheia.
Um exemplo que conheço: India Festival, em moldes parecidos, no mesmo local e em datas próximas.
http://www.timeout.jp/en/tokyo/event/2276/India-Festival-2011.
O Brazilian Day em Tokyo é tao “famoso” quanto é o India Festival, que nenhum brasileiro em Tokyo conhece. Triste ver que ninguém da imprensa coloque os fatos dentro da perspectiva apropriada.
Ao responsável pelo WebTown,
Com todos os eventos que ocorrem em metrópoles como Tokyo, Paris, New York, London ou São Paulo, somos capazes de acompanhar somente aqueles que nos cercam, infelizmente. Relativamente, o brasileiro é bastante aberto às culturas diferentes, pois fomos colônia de um país europeu, mas sem grande destaque. Recebemos influências francesas, inglesas e depois dos muitos imigrantes que vieram para o Brasil. Mas, pouco conhecemos das diferenças culturais das diversas regiões do Brasil. Acredito que os que se encontram no exterior, ainda que não procurando, acabam conhecendo algumas coisas do Japão, e se possível de outros países asiáticos.
É um processo demorado, e precisamos ter um pouco de paciência. Mesmo nos Estados Unidos existem pessoas que pensam que Paris é uma pequena cidade que lá existe, e mesmo o presidente George Bush (o filho), só tinha ido a Paris uma vez antes de ser eleito presidente.
Paulo Yokota