Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Investimentos da Sumitomo Metal no Brasil

2 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: joint-venture com a francesa Valleurec, siderurgia de dimensão média, tecnologia tradicional, tubos de aços

O jornal econômico japonês Nikkei, bem como a televisão NHK, noticia que a Sumitomo Metal do Japão resolveu participar de um projeto a ser implantado pela francesa Valleurec para a produção de tubos de aços em Minas Gerais. Pelas informações divulgadas, utilizarão carvão vegetal de eucaliptos, em vez do carvão mineral, para produzir um milhão de toneladas anual de aço bruto, que será utilizada na produção de 600.000 toneladas de tubos. Se considerada as dimensões do setor siderúrgico, este projeto pode ser considerado de pequeno ou médio porte. Estes tubos serão utilizados na América do Norte, Oriente Médio e na África, nos campos de petróleo e gás natural.

Salvo engano, não se pode dizer que a parceria traz grandes inovações tecnológicas, pois o uso de carvão vegetal para tais finalidades está entre as mais tradicionais e rudimentares no Brasil, sendo feito em pequenas escalas com impactos ecológicos duvidosos, pois muitas lenhas foram extraídas de florestas nativas. Mas, neste caso, a produção deve ser de florestas cultivadas. As fases subsequentes do processo industrial devem ser mais sofisticadas, resultando em produtos competitivos num mercado exigente, dados as seguranças indispensáveis.

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Sumitomo Metal produzirá tubos de aço no Brasil em parceria com a Valleurec

O Brasil vem procurando adicionar valor aos minérios que estão sendo exportados, bem como os ferros gusa (pig iron), procurando industrializá-los localmente, o que parece estar sendo perseguido por este projeto. Informa-se que é a primeira vez que um alto forno produzido no exterior esteja sendo utilizado por uma siderúrgica japonesa, mas não há ainda uma informação detalhada sobre o assunto. Na realidade, muitos altos fornos de grande capacidade, de produção japonesa, estão sendo utilizados pelas usinas siderúrgicas brasileiras, mas normalmente são os que utilizam carvão mineral.

Os que utilizam carvão vegetal costumam ser primitivos de pequeno porte e existem desde o início da industrialização e da siderurgia no Brasil. Certamente, a economia brasileira espera contar com a colaboração japonesa, como já ocorreu no passado, em dimensões expressivas, como em Usiminas, que conta com a participação da Nippon Steel, e na antes Usina de Tubarão, atual Acellor Mittal, que contava com a participação da Kawasaki Steel.

Espera-se que outros projetos, de maior envergadura, venham a aproveitar as matérias-primas disponíveis no Brasil e avancem sobre estágios adicionais, criando empregos locais de qualidade. Os japoneses possuem tecnologia e capacidade financeira para tanto, e o podem fazer em dimensões mais expressivas, pois a produção no Japão fica cada vez mais difícil, pois necessitam importar matérias-primas, não contam com fontes de energia e seus recursos humanos são mais onerosos.

Certamente, existem demandas locais de produtos siderúrgicos como nos mercados próximos do Brasil, como os que estão sendo atendidos por este projeto. Sempre existem alguns produtos específicos sobre os quais grupos estrangeiros possuem tecnologias específicas, como facilidade de acesso a mercados, que podem ser aproveitados. O que se espera, diante da forte competição internacional, é que tais projetos tenham a economicidade na sua escala.