Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Problema da Produção do Etanol no Brasil

20 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Marcos Sawaya Jank, presidente da Única, suas explicações sobre a necessidade de importação

Muitos ficam assombrados quando o Brasil precisa importar etanol dos Estados Unidos, pois sempre se ressaltou que é um país eficiente na produção da cana e seus derivados. Marcos Sawaya Jank, o competente presidente da Única – entidade que reúne os produtores de cana de São Paulo, explica as razões que levaram a esta situação em um artigo hoje publicado no O Estado de S.Paulo.

Segundo ele, existem três explicações para esta situação desconfortável: 1) o setor reduziu a sua produção após a crise de 2008, quando foram atingidas as empresas que mais se dedicavam para a sua expansão, que representam um terço do parque produtor; 2) o custo da produção do etanol subiu 40% nos últimos seis anos, ao mesmo tempo em que os tributos se aproximaram dos da gasolina; 3) as três últimas safras foram marcadas por condições climáticas adversas.

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As autoridades e os empresários, segundo o autor, monitoram a situação que deverá demandar uma importação correspondente a 4% da produção nacional, quando a produção interna sofreu uma queda de 20%. O Brasil não deverá se tornar um importador permanente, pois tem possibilidade de amplo crescimento do setor.

Estão trabalhando com vistas aos problemas de curto e médio prazo, concedendo créditos para a expansão da produção, tanto do etanol anidro que é misturado à gasolina como o hidratado que é consumido isoladamente, havendo um crescimento da produção de veículos flex.

As ações de prazo mais longo visam, segundo o autor, duas linhas: 1) ganhos de eficiência que reduzam os custos da lavoura, da agroindústria e da logística e 2) mudança na estrutura tributária, reconhecendo os benefícios ecológicos do etanol.

O artigo informa que o Brasil utiliza somente 3% de suas terras aráveis com a cana, com a ocupação de cerca de 9,7 milhões de hectares. Como 180 milhões de hectares são ocupados hoje pelas pastagens, não existem necessidades de derrubada das matas. Não se trata, também, de restringir a produção de açúcar, ou de confrontar o mercado interno com o externo.

A presidente Dilma Rousseff parece bem informada sobre a situação e usou uma expressão de Guimarães Rosa para esclarecer a situação: “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela requer da gente é a coragem”.

Segundo o autor, o setor precisa de coragem para dar a sua contribuição com um combustível ecológico, importante na matriz energética brasileira.