Ampla Cobertura Internacional Sobre Haruki Murakami
23 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Sam Anderson, entrevista com ele em Tóquio, reportagens sobre Haruki Murakami
Apesar de não escrever a quantidade de livros do Paulo Coelho, Haruki Murakami conta com um esquema que o mantém no noticiário especializado, com vendagens impressionantes. Sam Anderson, do New York Times Magazine, escreveu um extenso artigo sobre a entrevista com este autor de grande sucesso, efetuada em Tóquio. Considerado um pós-moderno, está se concentrando em faturar com coletâneas de seus artigos que cuidam de assuntos fantásticos, além de muitos dos seus livros que têm sido traduzidos para diversas línguas, inclusive o português. Tive a oportunidade de ler algumas novelas dele, e, confesso, apesar da leitura fácil, foge tanto da realidade que acaba fora das minhas preferências que são mais realistas e históricos. Mas o sucesso internacional o qualifica até para um possível Prêmio Nobel de Literatura, principalmente por que conta com um impressionante esquema de sua divulgação em todo o mundo.
Um dos seus livros mais recentes leva o título “1Q84”, que pensei inicialmente se tratar do primeiro quadrimestre de 1984. Mas a entrevista esclarece que em japonês, “Q” tem o mesmo som do número “nove”, e veio do título do famoso livro de George Orwell. Seus livros são de pura ficção, e alguns lembram Franz Kafka, com lembranças fantásticas.
Haruki Murakami
Na entrevista, Haruki Murakami revela-se um inconformado e revoltado que pretender destruir tudo que estrutura a ordem da atual sociedade em que vivemos, notadamente do Japão, para que uma nova ordem seja criada. Pode ser que seja o seu posicionamento político, mas na realidade ele estruturou uma empresa que se destina a faturar o máximo possível.
Explica que viveu um longo tempo gerenciando o seu bar, onde fazia tudo e contava com músicas e outros ícones da cultura norte-americana que o influenciou, em que constata que está em desagregação. Pode ser que tenha se inspirado em alguns episódios que colheu desta época, mas suas novelas são tão fantásticas que parecem brincar com a realidade humana.
Ele se tornou um “Midas” e tudo que toca vira ouro. Os lugares que criou na sua ficção viraram realidade, como o nome de um hotel que utilizou em um dos seus primeiros trabalhos. A entrevista informa-se que os coreanos estão organizando “excursões” sobre os lugares em Tóquio que supostamente estão mencionados nos seus trabalhos.
O autor da entrevista ficou influenciado pelo seu trabalho e dirigiu-se ao seu escritório em Tóquio, imaginando que se tratava de uma cidade universal como Nova Iorque, Paris ou Londres. Mas encontrou uma metrópole onde se perdeu, e ninguém podia o orientar em inglês, tendo sido socorrido por uma assistente do autor, pois constatou que nada tinha com o que lhe pareceu estar nos trabalhos de Murakami.
Apesar da entrevista inteligente de alguém acostumado aos trabalhos com intelectuais, parece que acabou encontrando uma empresa que lapida os trabalhos esboçados pelo autor, passando do japonês para o inglês, e deste para o japonês, numa confusão como as descritas nos seus trabalhos. Pensei que ele tinha se firmado como um professor de literatura numa Universidade nos Estados Unidos, mas parece que sua base continua sendo o Japão. Tudo indica que a literatura mundial reflete a confusão que se observa em todo o mundo, o que é compreensível. Cada vez mais os seres humanos passam a fugir da triste realidade para o mundo fantástico que parece mais emocional.