Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desejos Japoneses de Participar do TPP e Suas Dificuldades

31 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: Acordo de livre comércio, Parceria Transpacífica – TPP, resistência da agricultura

Um dos problemas que provoca uma acirrada discussão no Japão atual é a sua participação no chamado TPP – Parceria Transpacífica, que já vem sendo discutida entre nove países, os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Peru, Cingapura, Vietnã, Malásia e Brunei. Os partidários da participação são a favor da maior integração utilizando os mecanismos de livre comércio regionais, principalmente os representantes das indústrias, e os contrários são os representantes da agricultura, que temem pela competitividade dos produtos agropecuários com relação aos fornecedores estrangeiros.

A manchete do The Japan Times de hoje, domingo, anuncia que o premiê Yoshihiko Noda se mostra disposto a anunciar junto com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, no próximo dia 12 de novembro, a sua participação nas discussões, de forma que o formato da proposta liderada pelos dois países seja discutido por todos os membros na reunião em Havaí em novembro próximo.

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Premiês Yoshihiko Noda, do Japão, e Lee Hsien Loong, de Cigapura

Numa pesquisa efetuada pelo Japan Times, seis governadores das regiões mais industrializadas se manifestaram a favor das discussões, quatorze das áreas mais agrícolas contra e vinte e sete não se opõem aos entendimentos. Os agricultores estão promovendo passeadas contrárias utilizando seus tratores nas áreas mais movimentadas de Tóquio.

Para uma melhor compreensão da situação política, é preciso esclarecer que os votos dos parlamentares japoneses são por distritos, e os que são eleitos em Tóquio ou Osaka chegam a necessitar de mais de três milhões de votos, enquanto os de distritos predominantemente rurais de cerca de sessenta mil votos, permitindo um razoável equilíbrio. Os ruralistas, apesar de sua reduzida importância econômica e sua baixa competitividade, possuem um razoável peso político.

Problemas similares acontecem em outros países que participam das discussões, mas a atual crise internacional está forçando as autoridades a tomarem medidas adicionais para estimular o comércio externo e a economia japonesa. Os argumentos a favor ou contra são sofisticados por detalhes de outras medidas que favorecem a indústria ou a agricultura, e suas possibilidades de continuarem elevando a sua produtividade.

Como as situações dos países envolvidos nas discussões não são uniformes, somando-se as diferenças que existem entre os setores das várias economias, pode-se compreender a complexidade de todos os aspectos que estão envolvidos. Muitos entendem que as discussões atuais de livre comércio são prematuras, sem se conhecer profundamente a situação de muitos setores que serão beneficiados ou prejudicados, numa perspectiva dinâmica.

O que se pode registrar é que o premiê japonês Yoshihiko Noda se mostra disposto a correr riscos para estimular o conjunto da economia, mesmo que eventuais setores prejudicados tenham que ser compensados por alguns mecanismos.