Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades do Desenvolvimento Equilibrado

31 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: acadêmicos e autoridades responsáveis, críticas fáceis, engenheiros de obras feitas, limitações da realidade, resultados

Mesmo sem a pretensão de elaborar uma teoria completa, ouve-se com grande frequência críticas sobre os problemas enfrentados pelos processos de desenvolvimento econômicos equilibrados de muitas economias formuladas por acadêmicos que nunca executaram políticas econômicas e são incapazes de entender as limitações das autoridades responsáveis por diversos setores. Parece muito fácil formular críticas e alternativas, principalmente depois que as coisas já aconteceram, quando o futuro já virou passado, pelos chamados engenheiros de obras feitas. Isto, apesar de muitos resultados razoáveis, dentro das limitações existentes, como os observados no Brasil.

Muitos afirmam que o país deveria ter um sistema educacional melhor que proporcionasse igualdade de oportunidades, uma saúde pública preventiva para todos, uma infraestrutura adequada, uma política fiscal equilibrada, um nível de poupanças e investimentos mais elevado, melhor equilíbrio do setor externo, uma política agrícola e industrial mais razoável e outras limitações fáceis de serem apontadas. Não reconhecem que o país, com todas as suas limitações, veio ao longo de muitas décadas registrando uma taxa de desenvolvimento razoável que o coloca entre as economias que atraem hoje muitas empresas estrangeiras que desejam aproveitar as oportunidades que se apresentam, participando do grupo que se denominou BRICs. Que veio corrigindo algumas de seus desequilíbrios mais evidentes, fazendo o que é possível e não o que é desejável.

medalhas

Quadra de medalhas do Panamericano no México

Muitos apontam que o Brasil deveria contar com esportistas que conseguissem maiores conquistas que os cubanos, um sistema educacional adequado para todos, um sistema de saúde que também atendesse adequadamente os menos favorecidos, como os existentes em Cuba. Sem nenhum demérito para as autoridades cubanas, parece ridículo comparar as condições gerais existentes naquele pequeno país com os vigentes no Brasil, ainda que muitos dos seus resultados sejam surpreendentes quando consideradas as suas limitações.

Parece adequado que os brasileiros estejam sempre insatisfeitos com os resultados já alcançados, almejando eficiência mais elevadas considerando a constelação dos recursos disponíveis. Mas parece também conveniente que haja um entendimento adequado das condicionantes a que estão sujeitas as autoridades responsáveis pelos diversos objetivos setoriais e simultâneos, sabendo que o setor privado é responsável pela maioria das decisões, só cabendo às autoridades proporcionarem as condições as mais favoráveis possíveis para o desenvolvimento econômico e social sustentável.

Como nem mesmo nas economias chamadas de socialistas ou social democráticas existe controle total da situação pelas autoridades, e a grande maioria dos países adota regimes mistos com a interferência do governo e das estatais nos setores considerados vitais para o desenvolvimento, mesmo com o protestos dos mais liberais que acreditam que o mercado pode resolver quase tudo de forma mais eficiente e democrático.

Se a economia mundial não contasse com economias como a chinesa, com forte intervenção governamental, é até possível que as demais que se encontram em estágios comparáveis de desenvolvimento conseguissem eficiências mais elevadas. É preciso entender que o este processo é datado, beneficiando os que chegaram antes, prejudicando os que atingiram a industrialização tardiamente. Se nada é igual, parece razoável que existam algumas medidas que corrijam as distorções mais significativas que permitam uma competitividade, ainda que isto dependa de juízos de valor.

Tudo indica que os profissionais encarregados do estudo do desenvolvimento também foram contaminados pelos desejos de resultados de curto prazo, sem que sejam considerados os prazos e riscos necessários para a implantação de grandes projetos. Parece haver hoje uma ânsia pelos resultados on time como os ilusoriamente proporcionados pelos computadores do setor financeiro.

Dadas todas as imperfeições existentes na economia, trabalhando com coletividades que nem sempre são racionais como seria desejável, parece adequado que haja um pragmatismo para admitir que estamos no mundo dos seres humanos. Os resultados possíveis devem ser perseguidos, ainda que sempre insatisfeitos com eles.