Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ensinamentos de Delfim Netto no Valor Econômico

4 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: deficiência do mercado, funcionamento do mercado, metas inflacionárias, quadro mundial

Delfim Netto é um colunista semanal do Valor Econômico considerado como um dos analistas com melhor base nos conhecimentos teóricos e práticos. Ele ensina hoje que a política econômica brasileira para ser eficaz e útil está constrangida pelo que estabelece a Constituição de 1988, que pretende ser republicana, democrática, perseguindo uma justiça social, que deve proporcionar o máximo de igualdade de oportunidades para os cidadãos. O mais prejudicial de todos os desperdícios da sociedade à integração social e a autoestima do cidadão, segundo ele, é negar a oportunidade de viver honestamente e sustentar a sua família com o resultado do seu trabalho.

Para tanto, a maximização do nível de emprego procura ser perseguida, havendo duas “escolas” básicas que estabelecem as formas. Uma que acredita que o mercado, a longo prazo, com o seu funcionamento desinibido acaba provocando os ajustamentos necessários, e outro que acredita que suas imperfeições acabam exigindo algumas intervenções do governo.

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O autor aponta que, como em tudo em ciências sociais, os pesquisadores como os formuladores de política econômica, mesmo supondo-se neutros, são influenciados pelas suas preferências. Na atual conjuntura internacional, apesar das evidências mostrarem que o autoajustamento da economia seja impossível, isto não autoriza aos formuladores das políticas econômicas inteiras liberdades.

A atual política monetária, fiscal e cambial do governo brasileiro parece ir na direção correta, e está condicionada a um cenário internacional em clara deterioração. Espera um crescimento econômico mundial baixo por um período razoavelmente longo, com suas consequências sobre o nível de emprego como de inflação.

Não existe um abandono da política de metas inflacionárias como alguns pretendem interpretar, principalmente os que já erraram nas suas previsões das dificuldades internacionais e da queda das pressões inflacionárias. Os preços das principais commodities já passaram pelos pontos de pico, podendo cair, alguns mais rapidamente, outros mais lentamente.

Ninguém tem instrumentos para assegurar com suas análises como isto vai evoluir no futuro, mas pode-se ter uma ideia que as tendências são para baixo, não se sabendo quanto em que tempo, com quais flutuações. Os absurdos que foram prognosticados por aqueles que se consideravam portadores de uma ciência, utilizando sofisticados métodos quantitativos já são coisas do passado.

O que é preciso concluir é que muitos acadêmicos e profissionais necessitam de maior humildade, compreendendo que a política econômica é uma arte que necessita considerar muitos fatores, e que nem sempre os seres humanos são totalmente racionais.