A Onda dos Izakayas no Japão e no Brasil
21 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: a evolução, artigo no Valor Econômico, o que acontece no Japão
Os antigos nomi-yas (literalmente, estabelecimentos onde se bebe) ganharam uma versão atualizada com a denominação de izakayas e até mereceram um extenso artigo da Maria da Paz Trefaut, publicado no Valor Econômico. No Japan Today, publica-se uma lista dos melhores izakayas de Tóquio, mostrando que houve um sensível aperfeiçoamento nestes estabelecimentos nos últimos anos, virando uma nova onda internacional, como as que espalharam o sushi por todo o mundo. Existem até redes com muitos estabelecimentos, abandonando os agradáveis ambientes familiares do passado.
Junto com boêmios do naipe de um artista como Manabu Mabe, tive o privilégio de conhecer os antigos nomi-yas onde a “mama-san” nos servia bebidas acompanhadas de petiscos caseiros de sua própria lavra, normalmente conservas como os tsudanes, conservas variadas com ingredientes mágicos, como os produzidos utilizando os noris, algas que já não eram adequadas para, por exemplo, um maki-sushi. Cada pequeno bar tinha o seu tempero específico, e os fregueses, normalmente habituês, jogavam conversa fora com a proprietária que ficava do outro lado do balcão, sempre com uma conversa inteligente.
Agora ganharam o pomposo nome de izakayas e viraram moda. Os japoneses sempre utilizaram o happy hour para um drinque num estabelecimento, acompanhado de petiscos. Muitos habituês deixavam suas garrafas meio consumidas, com seus nomes e até seus amigos tomavam partes delas. Na nova moda, muitos estabelecimentos passaram a oferecer refeições ligeiras, como os grelhados, os sushis, variados tipos de peixe, e tudo que combina com uma boa bebida.
Chegou a ponto do famoso Gonpachi, de Roppongi, onde o ex-premiê Junichiro Koizumi convidou o ex-presidente George W. Bush para um jantar descontraído, a usar também a denominação izakaya, quando se trata de um estabelecimento de muitos andares, no formato de um antigo teatro japonês, cujo forte continua sendo uma grande quantidade de variados sushis, para eventos de pequenos grupos.
Em São Paulo, os empresários que trabalham no setor de restaurantes já embarcaram na nova onda, que deixou de ter aquele ar familiar, de culinária com marca diferenciada de cada casa. No Japão, redes estão se instalando, passando a ser algo parecido com fast food, lamentavelmente.
Mas, ainda nos bairros mais distantes, ou nas pequenas cidades do interior, encontram-se estabelecimentos autênticos, com uma confusão de garrafas de variadas bebidas, para um papo que não tem hora para terminar, descontraído, entre pessoas conhecidas. O que atrai é aquele sentimento de ser quase uma extensão da sua própria casa, não um estabelecimento comercial.
No passado, muitos artistas menos conhecidos mantinham uma conta de suas despesas, e quando eles não tinham como honrar as mesmas deixavam as suas obras como pagamento, dos quais guardo alguns. Tempos saudosos que ganharam novas roupagens, demasiadamente comerciais para os mais românticos…