Cargas da Imprensa Norte-Americana Sobre os Chineses
28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: criticas subliminares, disputa ideológica, momentos de crise, problemas destacados | 5 Comentários »
Observando dois artigos reproduzidos no Valor Econômico, um do The Wall Street Journal e outro do Bloomerg/ Businessweek, fica-se com a impressão da existência de uma verdadeira campanha norte-americana subliminar destacando eventuais problemas, ainda que diferentes, enfrentados pela China. Sempre que o quadro internacional torna-se mais problemático, é natural que um polo dialético seja ressaltado, e com os Estados Unidos e a Europa enfrentando graves dificuldades, a candidata natural acaba sendo a China. Subliminar, pois os assuntos levantados são banais, mas acabam sendo ganchos para criticar o estado atual das coisas na China.
No Wall Street Journal, o jornalista Jeremy Page escreveu o artigo cujo título acabou sendo traduzido por “Crescem críticas às regalias da elite política da China”. Relata-se que um jovem filho de Bo Xilai, o líder que procura ressaltar os valores da época de Mao Tsetung, teria uma participação retumbante num evento nos Estados Unidos, como indicação dos privilégios de descendentes de alguns líderes chineses. No Bloomberg/Businessweek, os jornalistas Dexter Roberts e Jasmine Zhao, no artigo que recebeu o título “Ricos chineses buscam refúgio em países seguros”, informam sobre as transferências de algumas famílias chinesas ricas para o exterior.
Estes tipos de críticas já foram populares no passado e continuarão a ser divulgados, como na época da Guerra Fria, quando se apontava os privilégios dos governantes russos classificados como “nomeclatura”, ou quando muitos enriqueceram se apropriando de bens do Estado quando desmoronou a União Soviética. Os chineses sempre migraram pelos mais variados países do mundo, no passado como continua ocorrendo no presente, e deverá continuar no futuro, mas preservam os seus vínculos com a terra dos seus ascendentes, mesmo depois de gerações no exterior, pois acreditam que todos necessitam ter uma raiz em algum lugar.
Estes movimentos seriam particulares dos chineses ou, lamentavelmente, tendem a se observar em todas as sociedades, de formas mais ou menos intensivas nos diversos períodos? Enquanto os seres continuam sendo humanos, eles continuarão, infelizmente, a continuar ocorrendo, ainda que sejam condenáveis. Imaginar que os seres humanos, por um toque de mágica, se tornem anjos parece demasiadamente romântico, não correspondendo à dura realidade.
Isto não estaria ocorrendo também no chamado mundo Ocidental, com as dificuldades presentes? A própria imprensa tem destacado o desmedido privilégio dos dirigentes financeiros e seus familiares que provocaram as recentes crises mundiais, e continuam recebendo os respaldos das autoridades para que não ocorram problemas sistêmicos por todo o mundo.
Os movimentos migratórios são desejáveis, e muitos países exigem um mínimo de capital para que eles sejam aceitos, com suas experiências empresariais. Países com baixa densidade demográfica, como o Canadá ou a Austrália, não só aceitam chineses como até brasileiros, o que também é feito em escala menor pelo Brasil.
Se o Brasil, Rússia, Índia e China passaram a ser conhecidos como membros do BRICs, aos quais se somou a África do Sul recentemente, são porque possuem grandes dimensões geográficas. E alguns deles dispõem de amplos espaços que comportariam uma população de maior dimensão, como a China e a Índia.
A dimensão do mercado interno torna-se estratégica numa crise internacional como a que se observa atualmente, sem uma perspectiva que seja resolvida rapidamente. Todos nós temos nossos telhados de vidro, com muitas misérias mal resolvidas. Ainda que muitos não concordem com o regime político de outros países, como a China ou o Irã, não parece adequado desejar impor aos outros os nossos valores.
Parece que seria mais útil se procurarmos equacionar os nossos problemas que são muitos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Parece desnecessário passar para os demais as receitas que não funcionaram entre nós, pois os privilegiados no mundo Ocidental continuam muitos, ainda que achemos que a democracia do nosso tipo conduza a maiores igualdades competitivas. E muitos estão emigrando destes países para outros, onde as oportunidades parecem mais promissoras.
Estão todos com um medo terrível da China e dos chineses. Estão com medo que não chegue para todos… estão com a ganância deveras exacerbada! Típico especialmente dos agiotas sionistas.
É exatamente pelos chineses criarem raízes e laços com os povos de todo o mundo que os ocidentais estão assustado. Estão habituados ao imperialismo das bases militares, especialmente os USA e o Reino Unido.
Quanto aos BRICS, deverá colocar um S maiúsculo, pois é de South Africa… e as siglas não têm prural… desculpe.
Um abraço.
Cara Helena Alves,
Acredito que existem agiotas desde os tempos memoriais e não concordo com com a qualificação sionista. Também entre os chineses existem agiotas. Quanto ao BRICS, quando a expressão foi criada não se incluia a África do Sul. O plural é uma liberdade que venho utilizando, pois hoje existe em todo o mundo um excesso do uso de siglas, e facilita o entendo do que está se falando, e não do tijolo. O pior é o PIIGS, que também não aprecio.
Paulo Yokota
ahahaha!! Paulo Yokota agora fez-me sorrir com a sigla dos PIIGS!
Pois claro que os agiotas existem desde tempos imemoriais e aliás Dante escreveu o seu “Inferno” para os poder situar. 🙂
Claro que cá no ocidente a banca está quase toda nas mãos … imagine de quem, embora a agiotagem não seja exclusivo deles… mas que são uma boa percentagem, isso não haja dúvidas.
Quanto à sigla, foi apenas em brincadeira… 🙂 nós portugueses ficamos estupefactos com a “elasticidade” dada pelos brasileiros à língua.
A do tijolo… realmente levou um pouco de tempo para que eu chegasse lá! 🙂
Abraço de Portugal
Cara Helena Alves,
Muito obrigado pela contribuição. Realmente, acho também que os brasileiros são exagerados nestas “elasticidades”, mas, lamentavelmente parece que o mundo vem abusando no uso do inglês distorcido. No Japão, por exemplo, muitas palavras inglesas são “ajaponesadas” ficando quase incompreensível. E o uso das siglas chega a ser um absurdo. Pior ainda, como escrevem com ideogramas de origem chinesa, juntam os ideogramas de duas palavfas, gerando uma terceira, que só os habituados conseguem entender. Além disso, lendo hoje as mensagens enviadas pela internet pelos jovens, é preciso uma grande flexibilidade para entender o que eles desejam expressar. Acredito que os europeus são mais conservadores, mas ví recentemente na França que também existem neologismos em demasia.
Paulo Yokota
Caro Alyson do Rosário Junior,
Respeito a sua opinião, como procuro manter mesmo as posições do qual não concordo. Temos que manter a liberdade de suprimir alguns comentários, principalmente de outras fontes, que são infindáveis, e que nem eu tive condições de entender adequadamente. A quantidade do que recebemos não permite postar todos, sendo que muitos em nada contribuem para o debate em que procuramos nos concentrar.
Paulo Yokota