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Primeiros Intercâmbios dos Portugueses com os Japoneses

6 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: exposição no Museu de Arte do Suntory e Museu da Cidade de Kobe, influências portuguesas nas artes japonesas, primeiros intercâmbios dos japoneses com os portugueses

Uma ultraimportante exposição está sendo realizada em Tóquio no Suntory Museum of Art, no prestigioso Midtown em Tóquio, até o próximo dia 4 de dezembro, e a partir de 21 de abril de 2012 no Kobe City Museum, selecionado para comemorar o 50º aniversário do primeiro e 30º aniversário do segundo. A exposição conta com o apoio das embaixadas de Portugal, Espanha e Itália em Tóquio e do Instituto Camões, recebendo um grande público de interessados, sobretudo artistas.

A exposição leva o título: Light and Shadows in Namban Art – The Mystery of Western Kings on Horseback, sendo necessário esclarecer que os portugueses eram conhecidos pelos japoneses como Namban. O título fica completo por uma referência ao trabalho mais importante da apresentação que foi profundamente analisado pelos especialistas do Japão do National Research Institute for Cultural Properties, que retrata alguns reis do Ocidente em seus cavalos. A contribuição portuguesa mudou a cultura artística japonesa que eram antes influenciadas pelos chineses, inclusive no uso dos materiais, destacando-se a escola de artistas conhecida como Kano. Os pintores japoneses estudaram nos seminarios e collegio dos jesuítas e suas influências perduram até hoje.

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Os portugueses chegaram ao Japão em 1543, procurando promover o comércio usando o entreposto avançado que possuíam em Macau. Seis anos depois, Francisco Xavier, depois São Francisco Xavier, chegou para a propagação da fé cristã que ganhou grande muitos adeptos, inclusive de daimyos, senhores feudais. Trouxeram objetos, costumes, palavras e outras importantes contribuições culturais que estavam antes restritos aos vindos da China ao Japão.

A posterior suspeita de que a religião era uma forma para submeter os povos à conquista levou à violenta perseguição dos cristãos que resultou em muitos mártires até 1614, que foram considerados santos pela Igreja de Roma. Isto fez com que o Japão conte com muitos santos, enquanto o Brasil ainda procura conseguir esta consideração para alguns brasileiros. Suas contribuições culturais continuaram profundamente arraigadas na cultura japonesa até hoje, como mostra a exposição que terá prosseguimento no Museu de Arte de Kobe. Isto não ocorreu somente na pintura, como nos objetos religiosos ou não, que os portugueses trouxeram ao Japão e foram elaborados posteriormente pelos artistas japoneses, abarcando todas as artes decorativas.

As profundas análises que foram efetuadas no National Research Institute for Cultural Properties, de Tóquio, utilizando as técnicas mais sofisticadas disponíveis hoje mostram que as obras de artistas japoneses que retratam a presença dos portugueses, bem como seus costumes, incorporam as que os portugueses trouxeram ao Japão. As roupas que foram utilizadas pelos primeiros japoneses interessados no Ocidente receberam influências dos portugueses, quando se pensava que somente os holandeses é que mantinham este privilégio. Os entrepostos holandeses no Japão, que ficou isolado do resto do mundo por séculos, tinham contribuído para algo semelhante.

As obras mais importantes retratam alguns reis do Ocidente, pintadas pelos japoneses com técnicas europeéias trazidas pelos portugueses. Outras obras retratam todos os países do mundo, em mapas que incluem o que conheciam nas Américas, com as pinturas de figuras representativas dos diversos povos. As técnicas de navegação, os meridianos a partir da linha do Equador, estão nestes mapas, mesmo que a descrição da Amazônia e do Brasil da época ainda seja precária.

Ainda que os chineses tenham navegado pelo Atlântico atual e pelo Pacífico antes de Colombo e Vasco da Gama, estes mapas de inspiração portuguesa mostram os seus conhecimentos da época, que foram transmitidos para os japoneses, como as caravelas e as armas de fogo.

As centenas de trabalhos expostos, alguns produzidos em Macau, como os que retratam as crucificações dos mártires japoneses cristãos, estão expostos merecendo a interessada atenção dos visitantes, entre eles muitos artistas e conhecedores de arte.

Todo este material preservado em muitos museus japoneses mostra que a presença de Portugal e muito importante no Japão e está sendo reconhecida não somente pelos especialistas como pelo público em geral.

Desejamos marcar o início da colaboração do site Asiacomentada com um grupo de acadêmicos portugueses voltados às considerações políticas em termos internacionais com a postagem deste artigo. Bem vindos aos importantes intercâmbios globais, dos quais os portugueses sempre foram pioneiros, em suas muitas fases históricas.