Aprofundamento das Relações da Índia com o Japão
27 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aprofundando as parceriais, exemplo para o Brasil, Japão e Índia, projetos conjuntos do setor público e privado
O governo indiano já havia estabelecido um acordo com o governo japonês para estruturar um corredor de 1.500 quilômetros entre Nova Delhi e Mumbai. Na nova visita do premiê Yoshihiko Noda à Índia, os japoneses estão anunciando um novo plano que estende mais US$ 4,5 bilhões para completar este corredor industrial, com a ativa participação dos principais grupos privados japoneses. Há um reconhecimento que a infraestrutura indiana ainda é deficiente, havendo muitas oportunidades para a sua melhoria, utilizando o sistema de parceria público-privado.
O jornal econômico japonês Nikkei anuncia um novo pequeno trecho de 14,5 quilômetros que vai ligar o centro da cidade ao distrito industrial de Pune, com a mesma orientação, comandada pela Toshiba e a Oriental Consultants. Isto visa desenhar o projeto, efetuar o seu planejamento, construir e operar o sistema de infraestrutura, o que não vem se conseguindo entre o Brasil e o Japão.
Primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, e Manmohan Singh, primeiro-ministro indiano
O Brasil e os japoneses reconhecem, igualmente, a deficiência no sistema de infraestrutura neste país, considerado por muitos como o maior gargalo para a continuidade do seu desenvolvimento competitivo. Mas ainda não se conseguiu estabelecer um entendimento governo e governo, com a participação adequada do setor privado, apesar de constatar as necessidades brasileiras e as disponibilidades tecnológicas do Japão.
A distância entre os dois países tem sido um dos limitantes da maior importância. Enquanto as autoridades japonesas conseguem se deslocar pela Ásia numa viagem aérea que demanda cerca de 8 horas de voo, para o Brasil acaba se necessitando do seu triplo, dificultando o calendário político dos mesmos, sempre preocupado com suas bases. A viagem ao Brasil acaba demandando, no mínimo, uma semana.
No passado, o mesmo tipo de esquema veio permitindo a montagem de projetos nipo-brasileiros. Com o impulso inicial de estudos elaborados com o JICA – Japan International Cooperation Agency, havia possibilidade de se desenhar um projeto bilateral, com a participação do setor privado e financiamentos como os concedidos pelo JBIC – Japan Bank for International Cooperation, suplementado por seguros providenciados para as exportações japonesas.
Muitos projetos de caráter social continuam sendo efetuados, como os relacionados com o saneamento, mas sem a publicidade e envergadura dos que estão sendo efetivados pela Índia com a participação do Japão. Projetos de fornecimentos privados continuam em marcha, como os que absorvem equipamentos pesados para a Petrobras, sem muita divulgação.
As viagens das autoridades acabam sendo importantes para darem maior visibilidade a projetos que estão sendo montados, mas não recebem o devido respaldo político. Os mecanismos de contatos privados não estão sendo suficientes para superar estes obstáculos, apesar do conhecimento das potencialidades dos acordos bilaterais. Parecer relevante encontrar-se um mecanismo adequado para romper a barreira atualmente existente, com os esforços de ambas às partes.