Difícil Gestão de um País Continental
8 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a complexa gestão, caso brasileiro, estratégias, países continentais
Todos que não tiveram experiências nas gestões de programas de grande magnitude como os exigidos pelos países de dimensões, principalmente emergentes como a China, a Índia, o Brasil e a Rússia, tendem a subestimar as gigantescas dificuldades existentes para tanto. O jornal O Estado de S.Paulo publica uma extensa matéria na edição de hoje, elaborada por Vera Rosa e Tânia Monteiro, informando que a presidente Dilma Rousseff deseja que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, comande o PAC – Programa de Aceleração do Desenvolvimento, considerado fundamental pelo governo federal, deixando o Ministério do Planejamento concentrado na elaboração do orçamento com a ministra Míriam Belchior.
Como todos estes programas envolvem muitos setores da administração pública, necessitando também da participação do setor privado, num país que não têm a tradição de planejamento e continuidade de muitos programas de envergadura, acabam ocorrendo problemas nas execuções de muitos programas. Prejudicam a manutenção do ritmo de crescimento da economia como um todo. Informa-se que os dispêndios nestes investimentos estão atrasados, por inúmeros motivos, contribuindo para o atual desaquecimento da economia brasileira. O governo tenta superar estas dificuldades.
Presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann e Miriam Belchior. Foto: Andre Dusek/AE – 15/09/2011
É evidente que todos os setores da administração pública, que são muitos, necessitam estar conscientes que o comando do programa está com alguém que possui o poder efetivo, inclusive na alocação e desembolso dos recursos indispensáveis, no cronograma indispensável. Bem como superar os obstáculos que vão se antepondo, como os relacionados com a preservação do meio ambiente, hoje indispensável em qualquer projeto. Que também possui o poder para dispensar ou substituir muitos executores envolvidos, bem como suplementar alguns recursos necessários.
A administração pública, pela sua natureza, exige o cumprimento de milhares de exigências burocráticas, pois suas contas serão examinadas tanto pelos setores próprios do Ministério envolvido como pelo Tribunal de Contas da União. Muitas concorrências indispensáveis podem implicar em processos judiciais, com os que se consideram prejudicados recorrendo ao Judiciário, em diversas instâncias, demandando um tempo inesperado, nem sempre previsto.
Mas, acima de tudo, uma grande dificuldade ocorre com a adequada coordenação de organismos vinculados a diferentes ministérios, que estão sujeitos, muitas vezes, às diferentes conveniências políticas. Na administração pública brasileira ocorrem muitas mudanças de funcionários encarregados de setores específicos, que nem sempre contam com auxiliares conscientes de todos os programas, pois muitos não são de carreira, mas os que ocupam posições chamadas de DAS, que podem ser nomeados livremente por se tratarem de cargos considerados de confiança.
A tendência dos administradores públicos é seguir a orientação daqueles que conseguiram conquistar o poder de comandar, inclusive as dotações de novos recursos. Já se observaram casos de muitos órgãos procurarem se enquadrar ao comando de dirigentes a que nem eram subordinados, em grandes programas, pois visualizavam a possibilidade de ampliar a sua atuação.
Existem administradores públicos que conseguem montar uma grande equipe de funcionários, inclusive provenientes de outros organismos. Mesmo que se trate da administração pública, bastante regulamentada, sempre ocorrem incidentes que exigem soluções criativas para resolvê-las.
Muito se resolve pelo suor, mas existem também manobras inteligentes para superar legalmente os obstáculos que se antepõem. Muitos funcionários acumularam experiências importantes, e o atual governo parece desejar prestigiá-los.