Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Importante Entrevista da Presidente do IBGE

16 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aperfeiçoamentos em curso, entrevista da presidente do IBGE, limitações, Valor Econômico

Todos os analistas de dados econômicos têm a oportunidade de conhecer algumas características adicionais das informações que utilizam lendo a importante entrevista da presidente do IBGE concedida ao Valor Econômico de hoje. Wasmália Bivar se tornou recentemente presidente desta instituição, mas era a sua diretora de pesquisas, e fez toda a sua carreira no IBGE tendo a plena consciência dos aperfeiçoamentos que necessitam e estão sendo providenciados. Como já mencionamos neste site, além das metodologias empregadas, seria útil que todos os analistas conhecessem o processo completo de elaboração destes dados até chegar ao IBGE, de forma a compreender o seu significado, inclusive as suas limitações.

O instrumento básico do IBGE são os censos que são efetuados, alguns por decênios e alguns por quinquênios e, por mais que se procure atualizar com pesquisas anuais de orçamentos familiares, sempre suas bases são defasadas com relação à realidade atual. Ela informa que o IBGE está concentrando seus esforços para ampliar os dados relacionados com o emprego para o âmbito nacional, pois atualmente eles estão restritos aos de seis regiões metropolitanas. Também a coleta de informações para a elaboração do IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo está sendo melhorada, pois se restringe atualmente ao de 11 capitais e regiões metropolitanas, que passam recentemente por alterações de grande dinamismo. Procura-se caminhar para pesquisas de Orçamentos Familiares anuais e simplificadas, que também sofrem alterações significativas. Como conseguir uma forma de elaboração dos Censos Contínuos, como ela informa que existe na França.

images

Wasmália Bivar, presidente do IBGE

A orientação do governo Dilma Rousseff, mesmo com as naturais críticas que sofre dos opositores, está prestigiando a prata da casa, pois instituições como o IBGE conta com muitos profissionais de carreira, com formações sólidas e longas experiências. Segundo a presidente da instituição, torna-se necessário renovar os seus quadros, transmitindo aos novos funcionários toda a longa experiência de uma organização como esta, que trabalha sempre com objetivos de longo prazo.

Quando se processa um aperfeiçoamento metodológico, os novos dados não são divulgados imediatamente. Eles são comparados com os obtidos anteriormente, de forma que as séries sejam adequadamente encadeadas. Existem técnicas para a interpolação de dados censitários com os novos resultados obtidos, necessitando ter coerência com as projeções efetuadas.

Ela tocou, também, no assunto das pressões e alguns vazamentos que teriam ocorrido involuntariamente, pois são muitos os funcionários que manipulam estes dados. Os relacionados com os índices de preços deve-se esclarecer que existem metodologias diversas adotadas em outros países, fazendo com que, em algumas organizações, pontos fora das tendências sejam desconsiderados, por acabarem influindo nos resultados futuros.

Muitos índices são utilizados, algumas vezes de forma indevida, como indexadores, sendo incorporados nas revisões de algumas tarifas, por exemplo. Assim, dados fortuitos acabam realimentando o processo, acima do necessário. Atualmente, muitos serviços como os de fornecimento de energia elétrica ou de telecomunicação sofrem efeitos que já ocorreram no passado, com a inadequada escolha de índices utilizados.

De qualquer forma, os dados estatísticos brasileiros podem ser considerados, na sua maioria, de boa qualidade, principalmente quando comparados com os de outros países emergentes, principalmente quando a quantidade de atividades informais não permite, por mais esforços que se façam, dados de melhor qualidade.

Outro aspecto que nem sempre é alertado pelos analistas é a natural defasagem dos dados, havendo necessidade de incluir, em alguns casos, projeções futuras, para que na sua média acabem determinando o que deve ser considerado no presente, principalmente quando existem tendências crescentes ou decrescentes. Em muitos países, para a adequada elaboração de medidas de política econômica, torna-se necessária a utilização de informações consideradas como “indicadores antecedentes”.