Influência Brasileira na África

15 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aumento da presença brasileira na África, comparações com a China, condições favoráveis | 2 Comentários »

A Folha de S.Paulo publicou um artigo de Luciana Coelho proveniente de Washington informando sobre o aumento da influência brasileira na África. Todos sabem que a China vem investindo pesadamente neste continente, tanto para assegurar o fornecimento de matérias-primas como aumentar a sua influência política. O governo brasileiro, há anos, também aumentou suas representações diplomáticas em diversos países africanos. O que se constata é que, além dos benefícios econômicos, existem outros fatores que favorecem o Brasil, ainda que sua capacidade de investimentos na África seja sensivelmente menor dos que o da China.

A África já conta na sua longa histórica com experiências pelas quais parte substancial do seu território esteve sob domínio de metrópoles europeias, que mesmo com as independências que ocorreram em diversos países, as suas fronteiras atuais não respeitaram as realidades tribais daquele continente. Temem, com razão, domínios ainda que sejam econômicos, sem compreenderem adequadamente suas condições tribais que acabam provocando alguns conflitos violentos. Algumas experiências políticas também não foram positivas, como a dos cubanos em Angola. Assim, é natural que prefiram seus relacionamentos com países nos quais não sentem estes riscos.

Todos sabem que muitos países africanos são ricos em minérios bem como recursos naturais, com terras cultiváveis e potencialidades hidroelétricas, que favorecem algumas atividades econômicas, ainda pouco exploradas. Suas semelhanças com as brasileiras são acentuadas. As savanas africanas apresentam muitas condições como às encontradas nos cerrados brasileiros.

Alguns países africanos como Angola e Moçambique que contam com grandes dimensões geográficas, além de outros menores como Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe também foram colônias portuguesas, tendo obtido sua independência mais recentemente, quando comparado com o Brasil. Como utilizam a língua portuguesa, tendem a apresentar algumas semelhanças culturais. Persiste um relacionamento como de irmãos, sendo que o Brasil é considerado “o mais velho”, que já atingiu uma condição que o classifica como participante do grupo BRIC.

Alguns investimentos de empresas brasileiras vêm sendo feitos em países africanos, em escala bem menor que as antigas metrópoles ou da China. Alguns visam exploração dos recursos naturais, em conjunto com os locais, bem como a prestação de serviços visando à construção da infraestrutura necessária. A África continua sendo considerada uma das grandes fronteiras pioneiras do mundo.

Somente pequenas partes das potencialidades agropecuárias da África estão sendo exploradas. Como sempre, há necessidade de adaptações às condições locais nestas atividades, as pesquisas como as efetuadas pela Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária acabam sendo importantes. Experiências já foram acumularam em muitas regiões brasileiras, em condições diferenciadas.

Para a intensificação do intercâmbio do Brasil com a África, ainda existem imensos trabalhos a serem efetuados, começando com o aumento do conhecimento recíproco. Poucos brasileiros sabem que a África conta com algumas regiões muito desenvolvidas e as diferenças regionais são acentuadas, nunca sendo possível generalizar conhecimento que podem ser válidos somente para uma localidade. Há que considerar os países que sofreram fortes influências inglesas, francesas e de outros países. Como muitos líderes africanos conhecem o Brasil pela ação de suas grandes empresas, quando existem muitas pequenas e médias que podem contribuir com o seu desenvolvimento.