Iniciativas Chinesas Para a Energia Limpa
15 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: depoimentos respeitáveis, Estados Unidos e China tomam iniciativas, perspectivas
Muitos ficaram frustrados com os resultados objetivos alcançados na COP-17, a recente conferência do clima em Durban, África do Sul. Ainda que para 2020, pela primeira vez os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores do planeta, assumiram o compromisso que não tinham feito no Protocolo de Kyoto de 1995. Um artigo publicado no Foreign Affairs, que não pode ser considerado apaixonado, por J. Julio Friedmann, que é o líder insuspeito do Carbon Management Program at Lawrence Livemore National Laboratory, informa sobre os esforços que os chineses estão fazendo, inclusive cooperando com os norte-americanos. A China está investindo US$ 50 bilhões anuais em pesquisa e desenvolvimento para obter energia limpa, tornando-se o principal centro mundial de inovação na área.
As cifras chinesas, como sempre, são impressionantes. Todos os anos, a China produz cerca de 100.000 megawatts mais que o ano anterior, mais do que o total gerado pela Califórnia ou Texas. Com isto, veio poluindo para crescer 11% por ano em PIB, e gerar 20 milhões de novos empregos, utilizando muitas usinas de carvão mineral poluentes. Uma lei de 2007 estabeleceu que o país devesse ganhar quatro por cento ao ano em eficiência energética até 2012, fechando minas de carvão de baixa eficiência e fábricas de cimento, fazendo novos investimentos em energia solar, eólica e outras renováveis.
O esforço que a China vem fazendo está exigindo que utilizem suas próprias tecnologias que estão sendo desenvolvidas, e 80% dos projetos já o fazem, sendo supervisionados por duas agências: NEA – Administração Nacional de Energia e a MOST – Ministério de Ciência e Tecnologia. Mais de 100 academias de pesquisa conduzem as pesquisas de tecnologia limpa, e estes investimentos estatais permitiram fazer mais que toda a indústria privada mundial.
Estes projetos exigem grandes investimentos iniciais e os resultados são duvidosos, não permitindo que o setor privado corra os riscos. Existem exemplos concretos, como o de Huaneng, que gera cerca de 160 mil megawatts por ano, 30% mais que o estado de Texas, nos Estados Unidos. Além de produzir energia, eles contam com um Clean Energy Research Institute que conseguiu duas novas tecnologias. A primeira é um gaseificador que transforma carvão em gás sintético com alta eficiência e baixa poluição. E o segundo é uma nova tecnologia que captura do CO2 das emissões das usinas de carvão, na maior unidade do mundo com elevada eficiência, que já conta com licença internacional para projetos propostos na América do Norte e na Europa.
Um expressivo número de empresas chinesas de energia elétrica também criou suas subsidiárias de inovação tecnológica. Uma chamada Lishen dedicou US$ 7 bilhões para melhorar a sua tecnologia de baterias, com um licenciamento dos Estados Unidos. Também estão promovendo a repatriação de pessoal treinado no exterior, em empresas como a GE, Dow, DuPont, Areva e de universidades, como Johns Hopkins, MIT, Stanford e USC.
Segundo o autor, os Estados Unidos e a China respondem juntos por 40% das emissões de poluentes, o mesmo do consumo de energia elétrica e 50% do uso global de carvão. Sem a colaboração de Washington e Beijing, não se pode atenuar as consequências das mudanças climáticas. Com as parcerias dos chineses com a GE, Applied Materials, Duke Energy, entre outros,
Na Pensilvânia, por exemplo, a FutureFuels está implantando uma nova usina de carvão limpo, utilizando a tecnologia gerada e testada em Huaneng, devendo ser a menos poluente do Leste dos Estados Unidos e possivelmente de custo mais baixo.
Segundo o artigo, tudo isto está invertendo o fluxo anterior, que era a da geração de tecnologia na Europa e nos Estados Unidos para ser vendida para os asiáticos. Ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos, mas a escala do que é feito na China é uma boa notícia para todo o mundo, e permite esperanças que até 2020 as metas globais possam ser mais claras.