Reação Americana aos Entendimentos Cambiais Orientais
29 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: comentários do Financial Times, reações do governo norte-americano, tempo para os seus efeitos
Os jornais relevantes no mundo registraram as reações do governo norte-americano, por intermédio do presidente Barack Obama e do secretário do Tesouro Timothy Geithner, aos entendimentos preliminares do Japão e da China para aumentar a participação do yuan chinês e o iene japonês nos mercados internacionais. E o jornalista Simon Rabinovitch, do Financial Times, localizado em Beijing, publica um artigo reproduzido pelo Valor Econômico informando que “para analistas, pacto cambial entre China e Japão é ‘simbólico’”.
O que parece importante entender é que o mundo vem interpretando que a política monetária dos Estados Unidos em aumentar a oferta de dólares norte-americanos no mundo acaba desvalorizando-o no mercado internacional, provocando a valorização das demais moedas, até dos seus parceiros tradicionais, visando reduzir o seu déficit comercial, no que não conseguem sucesso, como apontou o prêmio Nobel Michael Spence, como postado neste site. O caminho correto e de longo prazo necessita do aumento de sua eficiência para tornar os produtos americanos competitivos.
Muitos no mundo entendem que a importância dos Estados Unidos está se reduzindo no mundo, do ponto de vista econômico, e a tendência é que a Ásia continuará aumentando a sua presença. Não parece razoável que a política monetária norte-americana continue provocando distúrbios como os registrados nos últimos anos. Mas deve-se admitir que não seja fácil a sua substituição, que só ocorrerá a longo prazo.
Muitas operações comerciais já são efetuadas em outras moedas como o euro. Ainda que regionalmente, o yuan chinês também começa a ser utilizado, principalmente com seus vizinhos asiáticos, e na medida em que a China se tornou a principal parceira comercial da maioria dos países relevantes no mundo. É preciso entender, também, que muitos empresários de outros países asiáticos são chineses, efetuando operações de importação como de exportação.
Ao mesmo tempo, os ativos financeiros como as reservas de muitos países asiáticos estão sendo denominados crescentemente em yuan. A emissão de papéis japoneses na moeda chinesa passa a ser efetuada em mercados tradicionais como o de Hong Kong. Ao mesmo tempo, os chineses entendem que nem toda a sua reserva internacional deve estar denominada em ativos em dólares norte-americanos, podendo ser em parte em ienes japoneses.
Mesmo que estes montantes, no momento, sejam insignificantes diante dos volumes das operações efetuadas em dólares norte-americanos, se as autoridades dos Estados Unidos continuarem aumentando os ativos em dólares em todo o mundo, provocando a sua desvalorização, parece mais que natural que o resto do mundo tome providências para se proteger.
Isto não ocorre somente na Ásia, mas até os suíços providenciaram uma banda para a flutuação do seu câmbio, e o Brasil vem reclamando junto às autoridades norte-americanas que parte da valorização absurda do real decorre da irresponsabilidade da política por eles adotada.
Não se deve aguardar um acordo razoável enquanto as economias mundiais passam por um período de difícil ajustamento, mas os desconfortos estão generalizados, e muitos países acabarão tomando medidas para a exagerada desvalorização do dólar norte-americano, de formas variadas. Seria interessante que os Estados Unidos levem em conta as lições que foram ministradas pelo prêmio Nobel de economia, Michael Spence.