Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Steve McCurry Expõe no Instituto Tomie Ohtake

5 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: Alma Revelada, imagens mais que palavras, o fotógrafo norte-americano Steve McCurry | 2 Comentários »

Pode ser que nem todos o conheçam pelo nome, mas certamente muitos já ficaram impressionados com os seus trabalhos, como o que ilustram esta matéria. “Alma Revelada” é o título da exposição que se realiza atualmente em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake (www.institutotomieohtake.org.br). Mais do que palavras, textos ou livros, uma simples imagem como a deste consagrado fotógrafo norte-americano Steve McCurry é capaz de comover todos que são ainda humanos. Imagens das pobrezas, desgraças, desastres, fisionomias, que expressam mais que discursos, que atingem milhões de seres humanos em todo o mundo, mais que as alegrias que também fazem parte de suas vidas.

Seus trabalhos ganharam vida com a técnica do Kodachrome, cujo último rolo foi por ele utilizado, depois que a fotografia passou a utilizar os sistemas digitais de alta definição, tecnologia que permite mais fotos, menos técnica, mas inevitável diante da evolução tecnológica. E a oportunidade do instantâneo que é capitado por estes gênios da fotografia. Muitos dos seus trabalhos, do Oriente Médio e da Ásia, mas até da queda das Torres Gêmeas de Nova Iorque, se tornaram capas famosas de muitas revistas internacionais.

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Alguns fotógrafos consagrados no mundo, como o brasileiro Sebastião Salgado, preferem o preto e branco, cuidando de temas semelhantes, principalmente na sofrida África. Comparáveis aos de Steve McCurry, que soube tirar todo o proveito possível das cores proporcionadas pelo Kodachrome. Uma observação atenta dos visitantes da exposição acaba os levando às lágrimas diante do choque provocado pelos inúmeros trabalhos.

Uma capacidade de um gênio na captação das expressões humanas, como em muitos dos seus retratos, de tantos modelos sofridos que não se tornariam conhecidos de outra forma. Uma busca interminável levou a identificar a menina afegã que se tornou conhecida em todo o mundo pela capa da National Geographic, Shabat Guia, Paquistão, 1984, merecendo uma longa reportagem, pois muitas se assemelham hoje a ela.

As fotos de Steve McCurry revelaram mundos pouco conhecidos dos Ocidentais, cujos habitantes são submetidos a sofrimentos desnecessários por muitas guerras, nem chegando a compor os números das multidões dos atingidos por sofrimentos desumanos. Os responsáveis por muitos atos desastrados deveriam ser submetidos às penas de observarem atentamente o que provocaram, conviverem com suas vítimas ainda sobreviventes e mutilados, físicos e psicológicos. Se ainda forem seres humanos, não podem ficar indiferentes às catástrofes que continuam provocando.

Muitos são vítimas de desastres naturais, merecendo a solidariedade concreta de todos, que não podem ser somente de doações financeiras. Nos recentes desastres que atingiram o Japão, muitos voluntários compreenderam que não basta um fim de semana com os atingidos, mas a convivência com os que ainda continuam nos abrigos temporários, no seu cotidiano.

As imagens expressam mais as palavras…


2 Comentários para “Steve McCurry Expõe no Instituto Tomie Ohtake”

  1. Helena Alves
    1  escreveu às 15:57 em 6 de dezembro de 2011:

    Conheço esse fotógrafo, inclusive a minha mãe é pintora e fez um retrato a óleo dessa fotografia…e tal como ela, parece ter vida no olhar, ficou fabuloso.
    O que mais me constrange é que com os meios de comunicação ao dispôr hoje em dia, se saiba menos do mundo que nos rodeia do que no séc. XIX ! Impressionante como os noticiários contêm tanta poluição sonora e visual.
    Um jornal noticioso contém no máximo 2 ou 3 minutos de verdadeira informação. O resto é constituído por assuntos de “revista”, reportagens anedóticas, “faits divers” e reality-shows sobre a vida diária.
    A análise feita por jornalistas especializados, assim como os programas de informação foram quase totalmente eliminados.
    A informação está agora reduzida à imprensa escrita, lida por uma minoria de pessoas, as fotografias dos acontecimentos reais estão na mão de profissionais maravilhosos como Steve McCurry, mas apenas para uma minoria tem acesso infelizmente.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:39 em 6 de dezembro de 2011:

    Cara Helena Alves,

    Também concordo que as imagens são fortes, mas não devemos abandonar os textos. No Novo Mundo em que vivemos, infelizmente, a leitura é menos intensa que na Europa e na Ásia, e a população utilizada em demasia a TV, que não permite algumas introspecções, pois o tempo é sempre curto.

    Paulo Yokota