Ampla Discussão Sobre a Economia Ocidental e Asiática
18 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: ampla discussão, criticas aos asiáticos, deslocamento do eixo, modelos de capitalismo
Todos estão constatando que se processam mudanças substanciais no mundo com o aumento das dificuldades das economias líderes do Ocidente, ao mesmo tempo em que economias emergentes da Ásia ganham importância no cenário internacional. E estas alterações geram muitos estudos e artigos que tratam de aspectos destes assuntos, alguns carregados com as naturais posições ideológicas. Um interessante exemplo é o artigo de David Pilling, do Financial Times, republicado hoje no Valor Econômico com o título de “Em crise, capitalismo ocidental vê dinamismo se mudar para a Ásia”.
Outro artigo de Sanjaya Baru, diretor para Estratégia e Geoeconomia do International Institute for Strategic Studies, foi divulgado pelo Project Syndicate, com o título “Asia’s Energy, Asia’s Security”, se soma a estas discussões. O The Economist tem apresentado muitos artigos sobre estes assuntos, como a maioria dos grandes jornais e revistas internacionais.
Estas grandes mudanças que se processam ao longo de décadas são difíceis de serem absorvidas e muitos ficam incomodados com a perda de posições de destaque. Outros precisam conquistar, a duras penas, espaços que estavam sendo ocupados, incomodando a muitos. Até que tudo se acomode são inevitáveis turbulências que não se resumem aos econômicos, políticos, de suprimento de energia e matérias-primas, segurança militar etc. havendo temas para todos os gostos.
Ainda que sejam transformações que vêm se processando ao longo da história da humanidade, com alguns países passando por fases de ascensão, apogeu e decadência, quando se está vivendo estes processos, acabam ocorrendo inevitáveis sentimentos carregados de preconceitos e posições ideológicas, mesmo que sejam forçados a conviver num mundo limitado.
O chamado capitalismo ou economia de mercado vem se transformando ao longo do tempo, não sendo hoje o mesmo da época da revolução industrial quando os direitos dos trabalhadores eram mínimos. O próprio processo político foi se transformando, não se admitindo mais o poder absoluto, com a intensificação da participação popular. O centralismo governamental das decisões econômicas acaba ganhando nuances diferentes dependendo da cultura dos diversos povos. Os atendimentos das necessidades sociais da população se processam de forma diferente, ora mais pelo Estado que necessita de pesados tributos para tanto, ora mais pelo segmento privado que requer remunerações para tanto.
Nem parece ser possível diferenciar entre ocidentais ou asiáticos, Norte ou Sul, desenvolvidos ou emergentes, industrializados ou que se suportam pelas atividades primárias, socialistas ou capitalistas. Senão, como classificar os países escandinavos ou o Japão nestas dicotomias? O mundo parece mais complicado que as generalizações que são feitas pelos meios de comunicação para simplesmente tentar facilitar o seu entendimento.
Os processos históricos parecem muito dinâmicos, havendo fases em que determinadas características predominam, mas não podendo se afirmar que outras não coexistem. Mesmo nos países mais liberais e que se consideram democráticos, o Estado necessita estar presente como garantidor das condições mínimas de competição. E, da mesma forma, mesmo nos períodos mais ferozes do comunismo, tanto na Rússia como na China, muitas propriedades privadas e negociações de mercado existiam, ainda que mais limitadas.
Apesar de qualquer denominação que se dê a esta característica, parece que os seres humanos sempre perseguiram algumas vantagens para si, para seus familiares, para os seus clãs ou para suas tribos em qualquer parte do mundo. Sempre diferenciaram os que lhes são mais chegados daqueles que lhes são mais distantes.
De uma forma, na evolução que veio se processando, parece que as situações extremas acabam sendo condenadas, para permitir uma convivência razoável, mesmo daqueles que pensam de formas diferentes. Isto parece ser o atual mundo globalizado, ainda que muitas discussões continuem sendo travadas.