Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Arrogância das Empresas de Rating

20 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: coluna semanal de Antonio Delfim Netto, comportamento destas empresas, Folha de S.Paulo

A coluna semanal que o Professor Antonio Delfim Netto mantém no jornal Folha de S.Paulo divulgou na quarta-feira a sua indignação com o comportamento de algumas empresas de “rating” que rebaixaram suas classificações para a França, Áustria, Espanha e Itália. As metodologias para estas classificações nem sempre são claras, e, ainda que influenciem alguns investidores, seus efeitos foram mínimos como se constatou com o que aconteceu no mercado em função destas decisões.

Existem, inclusive, analistas que atribuem interesses não muito claros destas empresas, que não vêm esclarecendo a real situação da economia destes países, nem da Europa como um todo, ou da economia mundial. O professor aponta que existem razões que deveriam atenuar estes julgamentos: 1) os entendimentos políticos na Europa; 2) inicio de recuperação nos Estados Unidos; 3) pequeno crescimento do Japão; 4) aterrissagem suave da China; 5) crescimento dos emergentes; e 6) inflação comportada no mundo.

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Estas agências de “rating” vêm cometendo erros clamorosos e suas credibilidades continuam baixas. Atribuíram riscos baixos a muitos estabelecimentos bancários que entraram em bancarrota. Se fossem instituições democráticas de alta credibilidade, o mercado teria “desabado” com estas notas recentes, o que não aconteceu.

É evidente que existem dificuldades em todo o mundo, notadamente nos países europeus. Também os Estados Unidos enfrentaram dificuldades, mas suas notas continuaram as máximas, e o mercado considera que mesmo com suas limitações, o Tesouro norte-americano continua sendo considerado um porto seguro, quando as incertezas aumentam no mundo.

Os governos de diversos países estão conseguindo colocar volumes expressivos dos seus papéis no mercado, merecendo a confiança dos poupadores. Todos estão fazendo os sacrifícios possíveis, mesmo com o desgaste de suas popularidades. As colaborações entre os países vêm se processando, mesmo com suas limitações e as cotações destas agências.

Já houve arrogâncias desta natureza, até de organismos internacionais, que foram superadas pelos esforços de populações honradas. Deve-se lembrar quando da crise asiática, que a Coreia contrariou o FMI que desejava aprofundar a sua crise, mas as autoridades daquele país ampararam os desempregados, para voltar a crescer vigorosamente.

Os instrumentos de análise disponíveis aos profissionais de economia não proporcionam as certezas que eles pensam possuir. Existem margens e probabilidades que não são consideradas. Quando se utiliza modelos econométricos, por exemplo, os testes disponíveis são chamados de “hipótese nula”, ou seja, que os dados NÃO REJEITAM AS HIPÓTESES UTILIZADAS, mas não existe uma metodologia, as mais sofisticadas que sejam que digam QUE OS DADOS ACEITAM SUAS HIPÓTESES.

E os próprios dados possuem limitações nas suas elaborações. Portanto, o que pode se recomendar aos profissionais de economia é que eles sejam humildes e seus conhecimentos limitados. O máximo que poderiam fazer é ajudar a criar as condições para o aumento do emprego e o bem-estar da população, pois para isto receberam treinamentos nas instituições que os prepararam.