Avaliações dos EUA, Japão e Brasil
19 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: acrescentando o Brasil, artigo no The New York Times, comparações sempre complicadas, outras comparações
Qualquer comparação sobre dados dos países é sempre complexa, mas pode dar alguns indícios, mesmo considerando as idiossincrasias dos avaliadores. O escritor Eamonn Fingleton publicou no The New York Times um artigo que tem como título “The Myth of Japan’s Failure” (O Mito do Fracasso do Japão), que tomo a liberdade de tomar como base. E acrescentar algumas outras comparações com o Brasil, pois ele se concentra na comparação do Japão com os Estados Unidos, consciente que todos estes dados são muito relativos. Todos nós tendemos a ser mais rigorosos nas avaliações dos nossos países e mais generosos com os do exterior.
Eamonn Fingleton, num longo artigo, começa por afirmar que apesar de alguns pequenos sinais de otimismo sobre a economia norte-americana, o seu nível de desemprego ainda é alto, e na sua avaliação aquela economia parece parada. E muitos alertam que pode ficar como o Japão que, na avaliação de David Gergen, da CNN, é um país desmoralizado e em retrocesso. O autor considera isto um mito, e relaciona algumas indicações.
Segundo o autor, mesmo na década (que na verdade chegou a ser duas) chamada perdida do Japão, depois da bolha pela qual passou, o padrão de vida dos japoneses melhorou, e procura mostrar a força que o Japão tem. Começa por mostrar que a expectativa de vida aumentou 4,2% entre 1989 a 2009, passando de 78,8 para 83 anos, mostrando que isto é 4,8 anos a mais que os americanos. Evidentemente, o dos brasileiros é bem mais baixa, mas passou de 65,9 anos para 72,7. Isto foi conseguido além da dieta japonesa, pois os nipônicos ocidentalizaram parte de suas alimentações, que não pode ser considerado um avanço, mas uma piora.
O Japão conta com progressos notáveis na infraestrutura da internet, segundo avaliação da Akamai Technologies. 50 cidades do mundo teriam sistemas rápidos, 38 no Japão e 3 nos Estados Unidos, enquanto no Brasil tudo é muito precário neste setor.
O iene subiu 87% com relação ao dólar desde final de 1989 e 94% com relação à libra esterlina, e inclusive com o franco suíço. O real brasileiro também valorizou recentemente de forma indesejável. A taxa de desemprego do Japão é de 4,2%, cerca de metade do EUA e a brasileira é de 5,2%, ou seja, mesmo não chegando junto à japonesa, está melhor que a norte-americana.
De acordo com um site especializado no assunto de edifícios de mais de 500 pés, 81 foram construídos em Tóquio, 64 em Nova Iorque, 48 em Chicago e 7 em Los Angeles, que não sei se é relevante e não tenho dados sobre o Brasil.
No Japão, o saldo em contas correntes com relação ao exterior atingiu US$ 196 bilhões em 2010, mais que triplicando com relação a 1989, enquanto o déficit dos EUA subiu para US$ 471 bilhões quando era de US$ 99 bilhões no mesmo ano 1989. O Brasil deve ter melhorado, inclusive por causa do influxo de recursos externos, aumentando suas reservas externas. O Japão aumentou suas exportações para a China 14 vezes, comparando com 1989, mesmo que os Estados Unidos sejam considerados os vencedores com a ascensão chinesa. A balança comercial norte-americana é desfavorável, principalmente com a China, enquanto até a brasileira é favorável neste intercâmbio bilateral.
Os observadores do Japão, como Ivan P.Hall e Clyde V.Prestowit Jr., apontam a “falácia” das décadas perdidas japonesas. Como expressivo, o autor aponta que os aeroportos de Kennedy e Dulles estão decadentes, enquanto os japoneses modernizaram os seus recentemente, como em toda a Ásia. Os brasileiros continuam precários.