Especialista em Energia Conselheira na Eletrobrás
11 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: conselheira independente da Eletrobrás, entrevista no Valor Econômico, Virginia Parente
Poucos são os especialistas em energia disponíveis no Brasil, e Virginia Parente, pós-doutorada no assunto e professora do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, ocupa também o cargo de conselheira independente da Eletrobrás. Ela concedeu uma entrevista importante para o jornal Valor Econômico fornecendo informações relevantes e esclarecedoras, mostrando que é uma profunda conhecedora do assunto, não se impressionando com algumas posições emocionais refletidas na imprensa, principalmente de parte de pessoas envolvidas com assuntos de preservação do meio ambiente.
Ela reflete, com competência, enfoques técnicos, ainda que levando em considerações as necessidades políticas, com perspectivas de prazo mais longo, como devem ser tratados os problemas de energia, com um pragmatismo que tem sido a marca do atual governo federal.
Virgínia Parente
Ela não fugiu de questões espinhosas, do ponto de vista da mídia, como as ligadas com a usina de Belo Monte, informando que para atender questões relacionadas ao meio ambiente, a sua capacidade máxima foi extremamente reduzida. Informa que a energia que lá será gerada, como os das outras usinas do rio Madeira, na Amazônia, nem sempre são apresentadas de forma racional. As alternativas disponíveis para gerações destas energias teriam impactos mais danosos, exigindo um número elevado de empreendimentos.
Também não se negou a responder às questões relacionadas com os impactos ambientais das linhas de transmissão necessárias para o futuro. Nem sempre estas questões são colocadas nas perspectivas de longo prazo, como as que exigem os projetos hidroelétricos em qualquer parte do mundo.
Ela afirma que a matriz energética brasileira, que usa relativamente muito da energia hidroelétrica, está entre as melhores do mundo, pois outras acabam utilizando petróleo, carvão ou energia nuclear, que está provocando impactos negativos, não sendo aceitas pelas opiniões públicas de muitos países. Não lhe foi perguntado sobre as medidas que permitem maior economia de energia, tanto para fins residenciais como industriais, nem sobre a utilização mais intensiva do gás natural.
Tendo experiência no setor financeiro como economista, ela entende que os assuntos relacionados com o impacto ambiental dos projetos energéticos deveriam ser tratados à semelhança dos juros que são cuidados pelo Copom, formado pelos diretores do Banco Central, sem que haja contestações de suas posições no judiciário, como vem ocorrendo com alguns problemas relacionados com a energia.
Certamente, uma discussão mais ampla permitiria uma solução mais facilmente aceita por alguns ecologistas, mas uma solução muito técnica como a do Copom poderia apresentar os mesmos problemas atuais. De qualquer forma, é muito alvissareiro ser informado que existem especialistas que estão procurando colocar estas questões de forma mais racional e técnica, mesmo que sempre controvertidas.