Intercâmbio Nipo-Brasileiro na Agroindústria
22 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: colocações de Isidoro Yamanaka, intensificação de contatos objetivos, pequenas e médias empresas
Isidoro Yamanaka, considerado um dos mais antigos e profundos conhecedores dos relacionamentos de agronegócios entre o Brasil e o Japão, teve a gentileza de nos enviar uma nota sobre a recente intensificação dos contatos entre pequenos e médios empresários japoneses com os brasileiros. Ele informa que depois de uma importante reunião entre especialistas de origem acadêmica do setor de ambos os países, em dezembro de 2008, registrou-se contatos pessoais posteriores com os expositores mostrando que empresários japoneses estavam interessados no fornecimento estáveis de diversos produtos brasileiros, incluindo até algumas grandes empresas. Os brasileiros estavam representados por dirigentes da Universidade de São Paulo, da Universidade do Estado de São Paulo e pela Universidade de Campinas, enquanto entre os japoneses destacavam-se os da Universidade de Tsukuba e Universidade de Tecnologia de Tóquio. Centenas de empresários compareceram ao conclave.
Teria havido uma grande modificação com o que vinha acontecendo no passado, quando as autoridades japonesas colocavam diversos obstáculos fitossanitários. Com a crise mundial em andamento, os japoneses estavam interessados em atender, de forma estável e a longo prazo, o seu abastecimento, sobre o qual não contavam com segurança adequada. Muitos destes entendimentos começam a maturar, havendo casos já em andamento.
Pequena agricultura japonesa e as grandes plantações no Brasil
Segundo Isidoro Yamanaka, diversos focos estão sendo examinados por missões de empresas de pequeno e médio porte, diferenciando-se dos que eram promovidos pelas grandes organizações. A Jetro – organização de fomento do intercâmbio do Japão vem dando o suporte para muitos contatos, procurando especialistas.
Estas visitas dos japoneses se intensificaram a partir do primeiro trimestre de 2009. Os japoneses também estão procurando fornecimentos africanos, mas no caso necessitam do apoio do acordo tripartite que alguns países da África vêm mantendo com o Brasil, utilizando inclusive a Embrapa.
Apesar das complementaridades no setor agropecuário do Brasil com o Japão, e o fornecimento expressivos de matérias-primas brasileiras, o que vem acontecendo agora são nichos específicos para atender as necessidades do mercado japonês, com produtos que não são tradicionais.
Os empresários japoneses estão tirando partido dos mercados com os quais já possuem relacionamento, além dos financiamentos do Japão extremamente baratos. Estão procurando relacionamentos estáveis que garantam seus suprimentos por um prazo longo, atendendo as mudanças que estão ocorrendo naquele país.
Entre os produtos que merecem destaque estão algumas matérias-primas específicas para rações. Eles dispõem de fertilizantes potássios que poderiam exportar para o Brasil. Frangos “caipiras”, tilápias e outros peixes criados e alguns tubérculos específicos também estão sendo procurados.
Na agricultura japonesa existem algumas cooperativas que desejam efetuar operações diretas com fornecedores brasileiros. Na realidade, os esquemas envolvendo “tradings” japonesas parecem não mais atrair estes empresários de pequeno ou médio porte, que possuem necessidades específicas, e não possuem experiências nas operações internacionais, necessitando de parceiros confiáveis no Brasil.
Ainda que isoladamente cada um destes itens não seja expressivo, o volume de pequenos e médios empresários que vem visitando o Brasil mostra que, no seu conjunto, podem chegar a representar um movimento significativo e interessante. E alguns estão aproveitando trabalhadores brasileiros que se encontravam no Japão.