Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas nas Grandes Redes de Varejo

8 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: economias e deseconomias de escala, eficiências dos pequenos estabelecimentos, relacionamentos pessoais no pequeno varejo

Observam-se constantes críticas no Brasil sobre as grandes redes de varejo, que pressionam seus fornecedores e não conseguem atender os clientes locais com relacionamentos humanizados e personalizados. As informações existentes vêm mostrando que, apesar das economias de escala, muitos consumidores preferem os pequenos estabelecimentos que atendem suas necessidades básicas, conseguindo preservar relacionamentos de caráter pessoal. Ninguém gosta de ser tratado como mero número, de forma impessoal, e as grandes redes apresentam dificuldades para manter recursos humanos capazes de transmitir confiança aos seus clientes, sendo mais ágeis na identificação das diferenças que existem em todas as localidades cobertas. Muitas são multinacionais e reproduzem experiências de outros países, quando cada povo acaba tendo as suas especificidades difíceis de serem generalizadas.

Os custos de “overhead” das grandes organizações costumam ser pesadas, e algumas procuram manter uma rede secundária, reconhecendo que existem consumidores que não exigem as sofisticações oferecidas em alguns estabelecimentos. O varejo parece necessitar a priorização das necessidades dos moradores da redondeza das lojas, pois os seres humanos, ainda que vivendo em grandes metrópoles, querem preservar os relacionamentos pessoais, preferindo ser reconhecidos pelos seus próprios nomes, com relacionamentos com comerciantes seus conhecidos de longa data. Alguns aspectos destes problemas chegam a ser abordados num artigo publicado hoje pela Folha de S.Paulo.

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São constantes as reclamações dos fornecedores, pois apesar do volume das compras das grandes redes, suas condições são exageradamente duras, tanto nos preços como nas condições de pagamento, para cobrir os custos das grandes organizações. Em alguns produtos, os fornecedores acabam ficando com menos de 20% dos preços pagos pelos consumidores finais, o que não acontece somente no Brasil. Ações que poderiam estar sujeitas as normais antimonopólios são frequentes, e empresas que podem evitam vincular porção exageradas dos seus faturamentos com estas grandes redes.

Muitas informações dão conta que as vendas por metro quadrado de estabelecimentos localizados na periferia de São Paulo, por exemplo, costumam ser superiores aos das lojas localizadas em bairros privilegiados da Capital. Ainda que venham se observando mudanças nos hábitos dos consumidores, muitas padarias e açougues continuam tendo a preferência de muitos consumidores tradicionais da sua redondeza. Algo parecido acaba acontecendo com outros produtos de consumo habitual, mesmo que suas qualidades não sejam necessariamente as mesmas.

Muitas lojas de grandes redes acabam necessitando terceirizar alguns setores de produtos mais perecíveis, como verduras e frutas que não suportam tratamentos em grandes quantidades. Os consumidores percebem, também, que algumas ofertas atrativas são compensadas por preços elevados de outros produtos.

Os exageros das grandes redes parecem gerar margens para a viabilidade de pequenos estabelecimentos mais ágeis em suas adaptações às necessidades dos consumidores que, mesmo abandonando suas comodidades, acabam preferindo fornecedores com os quais estão mais adaptados.