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Relacionamento da Presidente com os Funcionários

13 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: ano eleitoral, diferença dos relacionamentos com Lula e Dilma, pressão dos funcionários públicos

Entre as questões substantivas de 2012 na economia brasileira, o controle do custeio da administração pública parece a mais significativa. Isto significa, num prazo mais curto por ser um ano eleitoral, se a presidente Dilma Rousseff tem a qualificação de uma Margaret Thatcher, que a consagraria mundialmente ou não. O jornal Valor Econômico de 12 de janeiro estampa a manchete “Dilma poderá enfrentar greve geral de servidores”, com longa matéria preparada pelo jornalista Caio Junqueira, referindo-se às preparações das negociações dos líderes sindicais com o secretário de Recursos Humanos do Ministério de Planejamento, Duvanier Paiva, que vem se mantendo no cargo desde a administração Lula da Silva.

Existem muitos analistas que atribuem a Lula da Silva uma qualificação especial por ter sido um líder sindical, mas as indicações existentes mostram que os petistas vieram se multiplicando no funcionalismo público, obtendo vantagens substanciais nos acordos que foram sendo estabelecidos. O quadro econômico mundial e brasileiro se alterou, e hoje Dilma Rousseff terá que mostrar que, mesmo petista, é a comandante de todo o país, fazendo somente o que é possível, resistindo a pressões naturais do funcionalismo.

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A presidente Dilma Rousseff e a “Dama de Ferro” Margareth Tatcher

O artigo informa que muitos líderes sindicais dos funcionários públicos afirmam que os relacionamentos com a administração Dilma Rousseff têm sido mais difíceis, o que a credencia, pois estaria pensando em todo o Brasil e não somente nos seus correligionários partidários. Realizou-se nesta semana uma reunião de 32 entidades sindicais dos funcionários federais, sem se atingir um consenso entre eles, como seria de se esperar, pois se trata de um processo difícil, com tendências diversas, que demandam muito tempo.

GraficoServidores

As negociações vêm sendo realizadas, e o secretário Duvanier Paiva informa que não haverá concessão por ser ano eleitoral, e que elas deverão ser concluídas no máximo em julho próximo. Alguns líderes sindicais tentam incluir “perdas acumuladas desde 2007” com a inflação, levantando a possibilidade de uma greve geral dos funcionários públicos.

Deve-se recordar que Margaret Thatcher consolidou a sua fama de “Dama de Ferro” por ter resistido bravamente a uma longa greve de mineiros. Há um sentimento generalizado no Brasil que os funcionários públicos vieram ampliando suas vantagens nas últimas décadas.

Janio Quadros, um político que fez toda a carreira política, de vereador a presidente da República, cargo que renunciou, sempre afirmava que resistir às pressões dos funcionários públicos aumentava o número dos seus eleitores, pois a população tende a se colocar contra os mesmos nas eleições.

De qualquer forma, sem um controle razoável do custeio público, a capacidade de investimento da economia brasileira acaba se reduzindo, agravado pelo cenário econômico mundial que já atinge o Brasil. Trata-se, portanto, de uma questão de importância fundamental, valendo a pena acompanhar a sua evolução, começando pelo artigo mencionado do Valor Econômico.