Término da Presidência do Conselho de Segurança pelo Brasil
2 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: entrevista da embaixadora Maria Luiza Viotti, posição diferenciada, presença importante, site da Globo
Se o Brasil vinha se destacando em política internacional, o atual período de participação ativa no Conselho de Segurança da ONU, na qualidade de seu presidente, mesmo ainda não sendo membro permanente, deixou um marco significativo. Num cenário com as posições polarizadas de alguns grupos, o Brasil marcou a sua independência, optando sempre pela negociação diplomática na solução dos difíceis problemas atuais. Na entrevista concedida para O Globo, a competente embaixadora Maria Luiza Viotti, que comandou a delegação brasileira, deixou clara a importância que ganhou, principalmente com a constituição do grupo hoje conhecido como IBAS, composto pela Índia, Brasil e África do Sul que influíram nas decisões cruciais.
Este papel foi reconhecido pelo embaixador norte-americano Tom Shannon, como o país que constituiu uma liderança regional e internacional com o chamado Soft Power, sem armas de destruição de massas, mas pelas forças das posições diplomáticas, mesmo contrariando os atuais poderosos no cenário mundial.
Embaixadora Maria Luiza Viotti
No atual caso da Síria, por exemplo, os Estados Unidos e muitos países importantes da Europa eram favoráveis a sanções imediatas, tendo como contrárias a Rússia e a China. Mas o Brasil conseguiu com a Índia e a África do Sul, três grandes democracias emergentes com os quais tem se coordenado adequadamente, que, mesmo sendo a favor dos direitos humanos, fosse enviada uma missão da Liga Africana para tentar uma solução democrática.
Estas posições diplomáticas brasileiras estão respaldadas na sua história recente, com a participação ativa do Brasil na solução de alguns conflitos armados. Não se deve pensar somente na dimensão de segurança com o uso da força militar, mas no desenvolvimento com a criação de empregos, melhoria da qualidade de vida das populações depois das fases agudas dos conflitos.
No complexo caso do Irã, por exemplo, o Brasil e a Turquia queriam criar um clima de confiança que facilitasse o diálogo. Mas prevaleceu a lógica das sanções, que parece ser a única medida que está ainda prevalecendo entre as potências diplomáticas que vem do passado. Mas os elevados custos das intervenções, e sua eficácia duvidosa colocam estas questões em dúvidas crescentes.
Mesmo que os poderosos expressem suas contrariedades com relação ao Brasil, a Índia e a África do Sul, quando prevalecem as suas posições, vem se verificando que acabam introduzindo algumas posições adotadas e recomendadas pelo IBAS. Ao mesmo tempo, a Rússia e a China acabam valorizando as posições do BRICS, fazendo com que haja um mínimo de reconhecimento dos papéis adotados por estes países que também são emergentes, não somente na economia, como a política internacional.
Estas tendências da política internacional do Brasil vêm sendo amadurecidas ao longo do tempo, mas sempre novas contribuições estão sendo acrescentadas, como as ênfases que a presidente Dilma Rousseff expressou na última Assembleia Geral das Nações Unidas.
Tudo indica que o Brasil conquistou um novo status político-diplomático no cenário internacional.