Comportamento Recente da Economia Brasileira
7 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: consumo interno estimulando a economia, melhoria na distribuição de renda, o PIB de 2011, possibilidade de 2012, recuperação no final do ano
A análise do comportamento de uma economia como a brasileira exige um cuidado maior que a simples avaliação do PIB atingido num ano. O de 2011 pode ter frustrado muitos, por ter ficado bem abaixo do desejado pelo governo e analistas, mas ainda está melhor do que está ocorrendo no mundo, tendo se tornado a 6ª ao ultrapassar a do Reino Unido, com possibilidade de superar a da França para se tornar a 5ª ainda este ano, segundo dados do IBGE e estimativa da consultoria britânica Economist Intelligence Unit, como publicado em muitos jornais, entre eles a Folha de S.Paulo, num artigo escrito por Érica Braga.
Isto está ocorrendo porque no final do ano passado ela já estava se recuperando, comandada pela demanda interna, dependendo menos do mercado internacional que começa a esboçar a sua recuperação a partir dos Estados Unidos. Mas a Europa continua problemática e até a China desacelerou o seu crescimento. O País do Meio está tentando reformar a sua economia, impulsionando o mercado interno, o que o Brasil já vem conseguindo há muitos anos.
Na análise feita por um grupo de jornalista e publicado no Valor Econômico, informa-se que esta performance decorre da demanda interna. E até um analista da oposição, ex-ministro do PSDB, Luiz Carlos Mendonça de Barros, afirma que o “PIB forte no final do ano (2012) já está contratado”, numa entrevista concedida ao Sérgio Lanucci neste jornal.
Melhor do que isto, o site de O Globo informa que a desigualdade social no Brasil cai pelo 12º ano consecutivo, segundo análise com o índice Gini, feito pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. E o site UOL estima que em 2014 o país poderá ter uma nova classe média estimada em 118 milhões de pessoas, quando os publicitários costumavam estimar em 40 milhões até recentemente, também utilizando os dados da FGV.
Hoje, já seriam 105,5 milhões, e em 2003 havia 65,8 milhões, que mesmo não chegando aos da China e da Índia, vem crescendo firmemente, determinando um crescimento da demanda de muitos produtos característicos dos consumos destas famílias, como automóveis e pequenas residências, com todos os eletrodomésticos que são utilizados.
Infelizmente, o câmbio brasileiro não vem ajudando, estimulando a importação e os gastos com turismo no exterior, diante do tsunami de recursos financeiros que vêm do exterior como tem afirmado a presidente Dilma Rousseff. Trata-se da guerra cambial que tem preocupado o ministro da Fazenda Guido Mantega, que promete um conjunto de medidas para corrigir as distorções e estimular a economia.
O Banco Central do Brasil vem com uma firme tendência de redução dos juros internos, procurando aproximar-se dos praticados no exterior, enquanto o processo inflacionário encontra-se sob controle, ajudado pela redução das atividades no exterior.
Muitos empresários brasileiros e estrangeiros estão atentos a estas mudanças qualitativas na economia brasileira e procuram aproveitar as oportunidades que continuam se apresentando.
Mesmo dentro de um cenário internacional desfavorável, muitas adaptações estão sendo efetuadas, com o aumento do poder daqueles que fazem uma carreira em seus empregos. Reformas são desejáveis, mas políticos que não possuem consciência das suas necessidades estão ocupando formalmente seus cargos, quando os burocratas estão adquirindo o verdadeiro poder, inclusive no setor privado.
O Valor Econômico publicou um modesto artigo de Rodrigo Pedroso que dá uma indicação do que vem acontecendo. O pedreiro José Miranda Campos, há 15 anos sem trabalhar com carteira assinada, dobrou a sua renda mensal por dois fatores principais: a forte demanda por seus serviços, tendo fila de fregueses à sua espera, e a procura de reformas mais elaboradas por parte dos clientes.
Esta não é uma campanha orquestrada pelo governo, tanto que até os oposicionistas concordam que o quadro econômico brasileiro favorece a situação.