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Destituição de Bo Xilai Desvenda Outros Aspectos da China

19 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: a democracia chinesa, artigo de A.McLaren do Foreign Policy, interpretações da destituição de Bo Xilai, outros partidos inexpressivos

A destituição do radical, conservador e populista secretário do Partido Comunista Chinês de Chongqing, Bo Xilai, que pretendia um dos cargos do poderoso Politburo, permite a A.McLaren, do Foreign Policy, esclarecer aspectos pouco conhecidos da China, onde a liberdade de comunicação social ainda não é plena. Bo Xilai foi acusado de dar guarida à sua equipe de polícia, perseguindo empresários acusados de formarem uma máfia, ao mesmo tempo em que procurava liderar uma linha conservadora maoísta que propunha algo como a volta aos métodos da calamitosa Revolução Cultural, visando atender algumas correntes atuais insatisfeitas da população chinesa. Ele foi fortemente criticado pelo premiê Wen Jiabao na longa entrevista concedida à imprensa ao término do Congresso Nacional do Povo, mas existem os que atribuem o fato a intrigas e disputas políticas naquele país.

Dos 3.000 participantes do recente Congresso, cerca de 800 são provenientes dos “partidos democráticos”, oito pequenas agremiações com 2.000 a 200.000 membros, quando o Partido Comunista Chinês conta com 80 milhões. Isto permite os líderes chineses afirmarem que lá impera uma democracia, mas na realidade estes pequenos partidos não possuem poder de fato, alguns controlados por um departamento do Partido Comunista. Alguns são antigos, como a Liga Democrática da China (CDL), que é a maior deles, criada em 1941, ainda na época em que os partidários de Mao Tsetung tentavam se entender com os nacionalistas de Chiang Kai-shek na luta contra os japoneses. Outros são constituídos por membros cientistas ou taiwaneses a favor da unificação.

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Bo Xilai

Segundo um especialista da Universidade Chinesa de Hong Kong, Willy Lam, estes partidos não se opõem ao governo, e supostamente dão conselhos, mas em sua opinião trata-se somente de relações públicas.

Na outra Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, que é uma espécie de irmã do Congresso Nacional do Povo, os delegados aparentemente enfrentam vários problemas sociais como a falta de liberdade civil, ou a de amamentação, permitindo alardear com orgulho a democracia em ação naquele país. Um dos partidos levantou o problema dos salários atrasados dos trabalhadores migrantes, e outro partido, o da poluição dos solos. Para a média dos chineses, estes partidos são vasos de enfeite.

A própria atuação de Bo Kilai em Chongqing é polêmica, pois inaugurou um Museu da História dos Partidos Democráticos na China, mas ressaltou o seu modelo de Chongquing maoísta com cantos patrióticos envolvendo crianças e promoveu a repressão às máfias, afirmando-se democrata. No entanto, perseguiu os advogados e os jornais com processos judiciais.

Existem outros estudiosos sobre estes partidos, como Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong, ou James D. Seymour, da Universidade de Columbia, mas eles indicam que depois da repressão da Praça Tiananmen, em 1989, todos foram chamados para entrar na linha. Alguns deles têm tendências corporativistas dos cientistas.

O artigo do Foreign Policy afirma que nenhum destes partidos chegou a protestar contra a demissão de Bo Kilai, apesar do seu suposto discurso a favor de maior democracia, mostrando o total predomínio do Partido Comunista Chinês.