Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Relacionamentos Pessoais Com os Coreanos

12 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: dificuldades com o pequeno mercado interno, mudanças que estão ocorrendo na Coreia, relações com os coreanos

Meus relacionamentos pessoais com os coreanos começaram na infância quando, na igreja que frequentava, uma família chamada Mita também era muito ativa. Ela tinha vindo do Japão, quando a Coreia ainda era colônia daquele país, no início do século XX. Mais tarde, tive a oportunidade de ajudar na vinda da primeira leva de imigrantes coreanos depois da Guerra da Coreia, como membro do Advisory Committee on Technical Service do World Churches Council, em colaboração com a entidade especializada nos refugiados das Nações Unidas. Finalmente, em torno de 1986, trabalhei numa empresa brasileira supervisionando os escritórios que tínhamos na Ásia, inclusive em Seul, na Coreia.

Nesta época, Seul ainda estava se consolidando como um dos mais ativos Tigres Asiáticos, mas cujo nível de desenvolvimento era ainda modesto. Os coreanos procuravam copiar o que o Japão tinha conseguido, consolidando os primeiros chaebols, e o gerente-geral que tínhamos naquele país, Mr. Sun, tinha uma longa experiência internacional numa delas. Eles já contavam com muitos recursos humanos dedicados a conquistar os mercados externos. A minha semelhança física com um ex-ditador coreano, que ainda estava na ativa, provocava alguns constrangimentos, como o afastamento voluntário da massa popular da minha proximidade quando percorria uma estação de metrô, com meus amigos, em Seul.

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Visão geral da cidade de seu e de seu porto

A Coreia veio aproveitando, principalmente em Seul, todas as oportunidades para desenvolver a sua infraestrutura. Na época, ainda dependia fortemente do suporte militar dos Estados Unidos, cujas tropas lá estavam estacionadas em função das tensões em torno da zona desmilitarizada que a separava da Coreia do Norte, que ficou com as fontes de matérias-primas da península. Seu primeiro evento internacional importante foi uma reunião do FMI – Fundo Monetário Internacional em torno de 1987, e o Acordo de Plaza foi lá estabelecido valorizando o iene japonês, ainda que muitos pensem que foi em Nova Iorque no hotel de mesmo nome.

O grande evento que consolidou Seul foi a Olimpíadas de 1988, quando o país construiu tudo que era necessário para este grande evento internacional, mostrando o esforço que se fazia naquele país. O ano de 2002, quando dividiu a Copa do Mundo de Futebol com o Japão, já mostrava uma Coreia avançada em alguns setores tecnológicos, preocupando-se com a melhoria dos seus recursos humanos, consolidando a recuperação da Guerra da Coreia que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.

Voltei recentemente à Coreia do Sul, onde o embaixador brasileiro Edmundo Fujita é meu amigo, para fazer também uma rápida excursão pela zona desmilitarizada. Seul reconstruiu tudo que tinha de importante, inclusive seus museus, sede do governo, bairros residenciais de luxo, bem como todos os seus equipamentos urbanos, conseguindo despoluir o rio que corta a capital que era algo como o rio Tietê em São Paulo. Hoje, a água que corre por ele permite que os peixes usufruam de um ambiente despoluído.

Encontrando um grupo de jovens brasileiros na proximidade da zona desmilitarizada, descendentes de coreanos de uma escola do bairro do Bom Retiro em São Paulo, pude constatar pessoalmente os esforços que os coreanos fazem para se dedicar aos aperfeiçoamentos dos seus descendentes em todo o mundo. Hoje, eles frequentam as melhores universidades do mundo, em grande número.

Venho acompanhando alguns livros que são publicados na Coreia do Sul, e vejo com satisfação que se torna disponível o de Kyung – Sook Shin, “Por favor, cuide da mamãe”, mostrando que este processo de desenvolvimento também apresenta seus custos, até nos relacionamentos familiares.

Na realidade, com em outras regiões asiáticas, comparando-se o que veio ocorrendo nestas três últimas décadas, pode-se tornar otimista, procurando copiar os bons exemplos de desenvolvimento econômico, político e social que por lá ocorreram, que podem ser utilizados nos países emergentes e em desenvolvimento.