Trinta Anos da Galeria Deco Devidamente Destacada
31 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: divulgação pela imprensa, exposições consagradoras, reconhecimento de um trabalho persistente
Quando uma Galeria como a Deco, fundada em 1981 por Hideko Suzuki Taguchi e René Sadayuki Taguchi, encerra suas comemorações de 30 anos de atividades com uma exposição que se denominou "Olhares Oblíquos", apresentando trabalhos inéditos e recentes de Tomie Ohtake junto com instalações de Nobuo Mitsunashi. É preciso que se apresentem as devidas homenagens. Tomie Ohtake, a primeira dama das artes plásticas brasileiras, conta com o Instituto que leva o seu nome e uma galeria que trabalha com suas obras, mas resolveu associar-se às homenagens ao aniversário da Galeria, cedendo quatro de suas obras de 2011 e 2012, mostrando que continua ativa e foi influenciada pelos desastres que abalaram o Japão recentemente, num gesto de desprendimento que é uma de suas grandes marcas.
Nobuo Mitsunashi já é conhecido do público brasileiro desde a sua participação na 21ª Bienal de São Paulo, em 1991, tendo se apresentado no Brasil em diversas ocasiões, com suas obras expostas até em lugares públicos como a Pinacoteca do Estado. Mas o que deve ser ressaltado é a persistência do trabalho da Galeria Deco, na apresentação de artistas contemporâneos japoneses, nipo-brasileiros e locais, num espaço tradicional na Rua dos Franceses, na Bela Vista da capital paulista, conseguindo marcar o seu papel fundamental no intercâmbio artístico entre o Brasil e o Japão, ainda que seja um imóvel não chamativo.
Tomie Ohtake e Nobuo Mitsunashi / Caiaque, de Mitsunashi, e obra s/ título de Tomie
Os trabalhos artísticos como os apresentados pela Galeria Deco não estão entre os mais fáceis de serem colocados no mercado, com exceção dos produzidos por Tomie Ohtake, sempre procurados pelos colecionadores. Ainda que sejam de artistas com grande qualidade, até se consagrarem em mercados restritos como o brasileiro, somente algumas exceções conseguem uma imagem que vai além de um círculo restrito.
Os trabalhos agora apresentados pelos dois artistas têm como o pano de fundo o mar profundamente ligado com os recentes desastres no Japão, tanto pelo terremoto, tsunami como a radiação que ainda persiste. O azul das telas de Tomie Ohtake são lembranças desta realidade, como o pequeno barco de Nobuo Mitsunashi, mesmo não tendo o propósito de chocar.
A persistência da Galeria Deco vem ajudando no conhecimento de muitos destes artistas, o que não é uma tarefa fácil se não estiver escorado em grandes instituições patrocinadoras, que não parece ser o caso. Mas o seu contínuo trabalho por todas estas décadas difíceis acaba por consolidar o seu nome fora dos círculos especializados, ampliando no desenvolvimento cultural dos brasileiros.
A cobertura que conseguiu na imprensa brasileira, com importantes meios divulgando estes eventos todos que marcaram os seus 30 anos, vai continuar ampliando a sua imagem. Todos nós devemos contribuir para que o seu sucesso continue pelo futuro, quando vai se ampliando até os conhecimentos artísticos da Ásia com a América do Sul.