Zona do Euro 1 Versus Brasil 0 na Guerra Cambial
6 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: elevação limitada dos impostos de importação, redução dos juros, tsunami de euros
Mostrando que a guerra cambial é mais séria do que se propaga, na atual visita da presidente Dilma Rousseff à Alemanha e no encontro com a Chanceler Angela Merkel, a Zona do Euro deu sinais de que a violenta injeção de euro no mercado internacional vai continuar aumentando o fluxo cambial para outras economias emergentes como o Brasil, continuando a provocar a valorização do câmbio de moedas como o real. Enquanto o tsunami é arrasador para a economia brasileira, dificultando todas as exportações brasileiras e estimulando os gastos no exterior, somente as importações do Brasil de carros de luxo como os da Mercedes Benz e BMW, que são de pouca monta estão sendo inibidas.
Isto mostra que nesta guerra, o Brasil necessita aumentar significantemente seus instrumentos, que começa com uma redução mais substancial das taxas de juros no país, com a redução da Selic para baixo dos 10%. Não é suficiente, e outras medidas, lamentavelmente, precisam ser tomadas para reduzir o tsunami de influxos de recursos financeiros externos para o Brasil, valorizando o seu câmbio.
Angela Merkel e Dilma Rousseff. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Nos encontros da Dilma Rousseff com a Angela Merkel, houve uma visita conjunta à inauguração da CeBIT, a Hannover Tech Fair, onde o Brasil foi homenageado, e ambas discursaram. Dilma reclamou do tsunami monetário que afeta o Brasil de forma ampla e arrasadora, e Angela respondeu com o protecionismo brasileiro, taxando algumas importações como os carros de luxo, cuja importância é muito localizada.
Fica evidente que o Brasil terá que intensificar o ataque com novas armas nesta guerra cambial para não ser arrasado pelo tsunami de recursos externos, que começaram com o dólar e prosseguem com outras moedas como o euro. Os estímulos aos desenvolvimentos tecnológicos ficam também evidentes, pois as competitividades como dos produtos alemães dependem dos avanços nas suas eficiências.
Se a Comunidade Europeia imaginar que neutralizou o Brasil nesta guerra, precisa ficar claro que ela mal começou. Os danos provocados pelo tsunami são arrasadores e efetivos, e as medidas tomadas pelo Brasil ainda são localizadas e limitadas. Como os organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Internacional de Compensações, não são capazes de imporem medidas multilaterais para inibir os astronômicos fluxos de recursos financeiros, afetando os câmbios como do real brasileiro, impõe-se medidas mais radicais para estancar o influxo exagerado dos mesmos.
Mas, para o efeito final, os juros internos do Brasil precisam estar equivalentes aos internacionais ao mesmo tempo em que os produtos industriais exportados pelo país sejam competitivos no mercado internacional, com avanços tecnológicos. Os gastos supérfluos dos turistas no exterior precisam ser fortemente taxados para inibir os exageros das importações, ao mesmo tempo em que se proporcionem condições para as suas produções locais.
Certamente, as medidas protecionistas necessitam ser temporárias e localizadas, e as demais condições de competitividade permanente necessitam ser tomadas, pois como uma economia estável com o aumento da demanda interna, os investimentos estrangeiros continuarão a ingressar no país.
Todos os tópicos dos chamados “custo Brasil” precisam ser atacados e zonas especiais de exportação precisam ser implementadas superando as resistências internas existentes. Com a continuidade das melhorias tecnológicas, as tendências continuam sendo pela valorização cambial e o Brasil necessita se tornar competitivo apesar delas, estimulando as importações indispensáveis dos equipamentos e produtos semielaborados, necessários até a maturação de suas produções internas.