Ajustamentos na Economia Brasileira
13 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a questão do spread bancário, ampliação dos financiamentos, cartão de crédito, tarifas bancárias | 1 Comentário »
O atual tom da discussão entre o governo e o sistema financeiro brasileiro certamente não está beneficiando ninguém, principalmente com as notícias veiculadas na imprensa dando a impressão de conversas de bicudos. Que os juros estão elevados no Brasil todos concordam, inclusive elevando a inadimplência, mas uma forma mais elegante para promover a sua baixa poderia ser adotada. O governo não teve a habilidade, para muitos, na preparação das condições para tanto, com entendimentos prévios com os principais responsáveis pelo sistema financeiro privado, como já ocorreu no passado. Os mesmos resultados poderiam ser obtidos, pois imaginar que o setor financeiro privado pode enfrentar as autoridades não parece ser a coisa mais inteligente. Todos, na economia brasileira, acabariam sendo prejudicados, sem ganho para ninguém.
É de se acreditar que o sistema financeiro brasileiro nunca teve a pretensão de manter-se intocável, com o poder de provocar um desastre mundial como o que ocorreu em 2008 com o papel preponderante dos bancos internacionais. Sendo privado, sempre estará pensando na máxima rentabilidade possível e já promoveu uma elevação substancial do custo dos seus serviços, e certamente não imagina que poderá continuar com esta posição privilegiada, provocando prejuízo relativo para todos os demais setores da economia, inclusive o segmento público.
Todos sabem que o principal interlocutor do governo não prima pela habilidade na linguagem diplomática. E não é acreditável que o setor privado colocou toda a responsabilidade da alta dos juros no colo das autoridades. Portanto, parece existir um amplo campo para negociações de parte a parte, baixando a bola da discussão.
Nestes últimos anos, mesmo nos períodos mais difíceis para os demais setores da economia, o sistema bancário brasileiro contou com rentabilidades elevadas, como ainda conta atualmente. Mesmo com o crescimento das instituições oficiais, o seu papel continuará relevante no financiamento da economia brasileira. O bom senso recomenda entendimentos mais condizentes.
O Banco Central vem demonstrando que melhora o seu papel, tendo mais informações que alguns analistas do setor privado, não apresentando mais a confusão de interesses com alguns operadores do mercado. Acertou quanto à profundidade da crise internacional e vem lutando por uma política monetária coerente com o superávit fiscal, sem que o controle inflacionário atinja as previsões catastróficas de alguns.
Que existem aperfeiçoamentos possíveis ninguém duvida. Mas imaginar que o “mercado” deve comandar tudo à sua vontade, parece ser um exagero. Por exemplo, quando se afirma que a inadimplência é responsável pela maior parcela do spread bancário, parece haver um artifício. A regulamentação atual exige que os atrasos nos pagamentos das obrigações dos empréstimos os considerem como créditos em liquidação e, portanto, prejuízos, mas acabam sendo recuperados depois de reescalonamentos e renegociações dos encargos, como tem ocorrido com frequência contribuindo para os seus resultados.
O sistema bancário brasileiro está sendo considerado como entre os mais seguros internacionalmente, com capitalização elevada, alavancagem adequada e uma série de serviços adequados. Mas suas tarifas são exageradas, como com a disseminação das operações com cartões de crédito com custos acima dos observados no exterior.
São inesgotáveis as possibilidades de cooperação do sistema bancário com as autoridades, em nada ajudando a elevação dos tons das discussões.
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