“Alô, Alô, Marciano…”
19 de abril de 2012
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, webtown | Tags: Astronomia, Elis Regina, Extraterrestres e Óvnis, Geoffrey W. Marcy, Linhas de Nazca, O Pequeno Príncipe
“… aqui quem fala é da Terra.” A canção composta por Rita Lee e Roberto de Carvalho virou clássico da MPB em 1980 em interpretação brincalhona e antológica feita por Elis Regina (1945-1982). Marcando os trinta anos da morte daquela que foi das maiores intérpretes da música popular brasileira, o Centro Cultural São Paulo está promovendo a exposição Viva Elis, em carinhosa homenagem à cantora. Alô, Alô, Marciano volta a ser tocada nas rádios, TVs apresentam o clip junto a outros sucessos da Elis. Paira no ar a lembrança inconfundível da sua voz, do seu sorriso cativante, seus gestos e balanços. Saudades da Elis.
Este ano registra também os trinta anos de ET – O Extraterrestre: um dos maiores sucessos de bilheteria de toda a história do cinema, o primeiro a ultrapassar a marca dos 700 milhões de dólares. O enredo é sobre alienígena perdido na Terra que faz amizade com um garoto de dez anos; este o protege para evitar que o ET seja capturado pelo serviço secreto e vire cobaia, e o ajuda a regressar ao seu planeta. Quem não se lembra deles pedalando pelo céu, silhuetas contra o luar? Crianças e adultos quedamos embevecidos com a história.
Elis Regina / Cena de ET-O Extraterrestre / O Pequeno Príncipe / Geoffrey W. Marcy
ETs remetem automaticamente a Ufos e Óvnis. Acreditar ou não é questão pessoal, mas curiosidade por contatos com extraterrestres é ilimitada, é dos temas mais discutidos pelo mundo. Um dos muitos indícios da existência de Óvnis e da sua visita à Terra são as marcas na planície de Nazca, no Peru – linhas retas longas parecidas à aterragem de um avião, e figura de ave gigantesca. Outra história que intrigou e correu mundo aconteceu em 1996: pessoas afirmaram ter visto Óvni nos arredores da cidade de Varginha, no Estado de Minas Gerais, Brasil: um grande objeto circular, cheio de luzes, silencioso, permaneceu pairando a alguns metros do chão. Em várias partes do Planeta faz-se a mesma descrição quando se relatam encontros com Óvnis. Estes aparecem e partem com tal rapidez, com luzes ofuscantes, muitos mal conseguem explicar como tudo ocorreu exatamente. São verdades da sabedoria popular? Ou apenas especulação mítica do imaginário das pessoas? Yo no creo en las brujas, pero…
Geoffrey W. Marcy é renomado astrônomo americano, professor de astrofísica e astronomia da Universidade da California-Berkeley. Formado summa cum laude pela Universidade da California-Los Angeles (UCLA) em 1976, e PhD pela Universidade da California-Santa Cruz, lecionou em diversas instituições de ponta, e é famoso por descobrir mais planetas extrassolares do que qualquer outro astrônomo. Suas descobertas incluem: o primeiro planeta extrassolar orbitando um astro similar ao sol, o 51 pegasi b; o primeiro sistema planetário múltiplo ao redor de um astro como o sistema solar, o upsilon andromedae; os primeiros planetas do tamanho do Netuno, o gliese 436b e o 55 cancri e; e dezenas de outros.
Pois entediado de apenas descobrir planetas extrassolares, o professor Marcy decidiu caçar ETs. “Posso me dar ao luxo de tentar algo bem improvável depois de uma carreira mais bem sucedida do que eu poderia imaginar”, declarou ele à revista New Scientist. Em fins de 2011, Marcy foi indicado para a cátedra Alberts, da Berkeley – a primeira do tipo voltada especificamente a incentivar pesquisas de busca por civilizações alienígenas. A maioria das buscas de transmissões alienígenas tem se baseado em detectar sinais de rádio. Porém, para o professor, os ETs usariam lasers para se comunicar, mais econômico do ponto de vista energético, e mais difícil de vazar do que sinais de rádio. Ele acredita que uma vez certificado o método de comunicação favorito dos ETs, o resto fica fácil. Ele considera que civilizações extraterrestres devem estar a nos observar telescopicamente desde há muito tempo, pois a nossa galáxia tem mais de 10 bilhões de anos, e a Terra, apenas 4,5 bilhões (Salvador Nogueira, Folha de São Paulo, Ciência, 16/abril/2012).
Embora muitos astrônomos sejam céticos a essa abordagem, quem sou eu para contestar os pros ou contras? Aliás, bem poderíamos começar explorando pelo asteroide B612 – aquele onde vicejam baobás e bem resolvidos vulcões queimam lentamente sem erupções, e carneiros espreitam para mastigar as flores cultivadas com esmero pelo Pequeno Príncipe. Sensível poeta, Antoine de Saint Exupéry – tal como Steven Spielberg – nos faz sonhar com um Universo utopicamente bem melhor.