China Daily Explica Interesse dos EUA Sobre o Brasil
29 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: detalhes dos interesses, dificuldades, esclarecimentos do China Daily
Já publicamos sobre o interesse revelado pelo secretário de defesa norte-americano, Leon Panetta, na sua primeira visita ao Brasil, em contrapartida à visita de Celso Amorim. Mas o inusitado está no destaque dado pelo China Daily, na sua versão para os Estados Unidos, ao publicar um artigo sobre o assunto. Já foram divulgadas amplamente as disputas dos norte-americanos, franceses e suecos no fornecimento de novos aviões de caças para a Força Aérea Brasileira que, depois de muito tempo, está para ser decidido.
Leon Panetta fez a sua exposição na Escola Superior de Guerra mostrando o seu forte empenho para que a Boing forneça o seu F-18 Super Hornet que representaria um valor estimado em US$ 4 bilhões, que seria um trunfo para as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos. O Brasil solicitou a experiência da Índia com os recentes fornecimentos franceses. A França não conseguiu confirmar ainda o fornecimento dos seus Rafales da Dassoult, apesar das muitas notícias que as autoridades brasileiras tivessem interesse em fortalecer os intercâmbios tecnológicos com aquele país. A Suécia teria a preferência da Aeronáutica com os seus Gripen, mais baratos e que permitiriam maior transferência de tecnologia.
Leon Panetta, secretário de defesa dos EUA
Todos sabem que os Estados Unidos já não têm condições de se manter como pretendente à segurança no mundo, necessitando de substanciais apoios do Brasil que conquistou uma posição de destaque na América Latina. Mas, além de bloquear as exportações brasileiras de aeronaves militares do tipo Super Tucano para treinamentos militares, cancelou uma concorrência em que a Embraer tinha obtido a encomenda norte-americana junto com um parceiro local, que é de montante modesto. As autoridades brasileiras não confiam nas promessas de transferências de tecnologias dos norte-americanos, ainda que observem as mudanças que estão ocorrendo. Temem a interferência dos Estados Unidos nos seus fornecimentos potenciais para o exterior.
A recuperação econômica norte-americana depende fortemente dos fornecimentos do seu complexo militar-industrial, ainda que não tenham mais condições de manterem substanciais forças militares estacionados em diversas regiões do mundo. Suas últimas experiências mundiais foram custosas e com resultados catastróficos, tanto na sua imagem no exterior como internamente, onde muitas famílias questionam o sacrifício de vidas onde seus interesses são limitados. Os recentes escândalos com os comportamentos de seus militares no exterior são constrangedores.
Os brasileiros também precisam se desenvolver tecnologicamente para as demandas internas de equipamentos militares, e pensa nos fornecimentos para o exterior que já chegaram a ser mais expressivos.
Estes envolvimentos estratégicos acabam interessando a todos os países, que mesmo passando por um período em que as tensões não são tão elevadas, os conflitos regionais podem acabar se agravando. Isto ocorre com o crescimento do poder militar da China que cria dificuldades na Ásia e no Pacífico, como as instabilidades árabes com suas dificuldades nos relacionamentos com Israel, notadamente com as posições iranianas.
As importâncias que estão sendo adquiridas pela América Latina como a África, principalmente nos seus fornecimentos de alimentos, matérias-primas minerais e principalmente de petróleo e gás, também fornecem o pano de fundo que acaba afetando as necessidades de defesa em variadas partes do mundo.