Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades das Autoridades com as Usinas Amazônicas

16 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigos refletem parte dos problemas, batalha da opinião pública, dificuldades operacionais

Quando se observam os artigos como os publicados por Michael Smith no Bloomberg Markets Maganize e Daniela Chiaretti e André Borges no Valor Econômico sobre as usinas hidroelétricas na Amazônia, notadamente Belo Monte, constata-se que as autoridades brasileiras estão perdendo, no mínimo, na batalha das comunicações sociais. As pessoas mais ponderadas sabem que não existe um desenvolvimento com a concordância plena de toda a opinião pública, e sempre as autoridades acabam sendo colocadas como vilãs nas duras decisões tomadas, considerando as vantagens e os seus custos, que sempre existem. Mas parece que é indispensável que as autoridades apresentem todos os balanços necessários, procurando minimizar as naturais resistências que devem encontrar.

As desvantagens acabam sendo agigantadas quando existem problemas naturais de execução dos projetos ao que se somam ineficiências na consideração das dificuldades que podem ser geradas, dentro da nova consciência da opinião pública sobre os valores da preservação ambiental. Dificilmente, houve avanços em toda a história da humanidade onde os interesses de grupos não foram afetados. Atualmente, as simpatias da opinião pública se voltam para alternativas, como se eles também não tivessem seus custos sociais, pois até a cana de açúcar e seus derivados não estão isentos dos lançamentos de carbonos.

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Locais que serão afetados pela construção de Belo Monte e que são motivos de polêmicas

O Brasil é um dos países que se orgulham do elevado percentual de geração hidroelétrica na sua matriz energética. Se as mesmas condições de impacto ambiental de hoje fossem exigidas, os ingleses não teriam construído a usina de Henry Borden em Cubatão, represando a água no planalto e São Paulo não seria o maior centro industrial da América Latina. As usinas do rio São Francisco, desde Paulo Afonso que utilizou parte de suas cachoeiras, não existiriam. As de Sobradinho nem Tucuruí não seriam implantadas, pois exigiram grandes deslocamentos de populações e o alagamento de áreas florestais.

Itaipu sacrificou as famosas Sete Quedas e todas as usinas hidroelétricas da região Centro Sul do Brasil ocuparam áreas densamente povoadas. Todos sabem que esta parte do continente sul-americano era toda ocupada pelos indígenas quando os europeus aqui chegaram, e a Mata Atlântica ocupava parte significativa desta área.

Há que se estabelecer um convívio razoável com a natureza e os seus ocupantes originais e parece indispensável que tudo isto fique claro. Muitos continuam achando, romanticamente, que os indígenas são todos conservacionistas. E outros podem achar que os seres humanos não necessitam ser tão consumistas.

Quando comparado em termos internacionais, muitos ficam tristes quando se compara o Brasil com a extinção das florestas nativas na península Ibérica, onde hoje restam plantações de oliveiras. Ou o genocídio dos indígenas norte-americanos, dos incas, maias e astecas.

A humanidade não tem muitos motivos para se orgulhar na sua “evolução”. Temos que encontrar os melhores meios para a preservação, reconhecendo que o simples isolamento não é uma solução razoável. Os conhecimentos estão avançando, havendo formas de minimizar os danos ecológicos, com um manejo razoável tanto das florestas com as reservas indispensáveis para os indígenas.