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Financial Times Publica Sobre a Vida Selvagem no Brasil

23 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Colin Barraclough no Financial Times, biodiversidade pesquisada no cerrado, outros exemplos | 2 Comentários »

Um interessante artigo foi escrito por Colin Barraclough e publicado no Financial Times, ele que veio ao cerrado mineiro como convidado por uma fazenda Toucan Cipó, que funciona como uma espécie de reserva de pesquisa e também recebe turistas na Serra do Espinhaço, no interior do Estado de Minas Gerais. A fazenda é hoje de propriedade de um inglês de nome Charles Frewen, contando com 10.000 acres, ou seja, um pouco mais de 4.000 hectares, e foi formada pelo seu pai adotivo que chegou ao Brasil em 1970, que foi juntando pequenas propriedades vizinhas. A íntegra do artigo pode ser encontrado em inglês no: www.ft.com/intl/cms/s/2/7b46e1da-8564-11e1-a394-00144eab49a.html com o titulo “Plant kingdom”.

Há 8 anos, Frewen herdou Toucan Cipó, onde somente 10% é usado para criação de gado e produção agrícola, e começou com entusiasmo de amador descrevendo as plantas que lá existiam que não eram encontradas em nenhuma bibliografia. Ele pediu ajuda ao Kew Gardens, da Inglaterra. Para sua satisfação, os botânicos do UK’s Royal Botanical Gardens Kew e da Universidade de São Paulo descobriram 13 espécies de plantas novas para a ciência na propriedade e em seu entorno, além de duas espécies consideradas extintas e 20 só conhecidas por uma coleta feita em 1825 pelo botânico prussiano Ludwig Risdel. A pesquisa conjunta de brasileiros e ingleses acabou identificando 1.145 espécies em torno da fazenda, num raio de 20 milhas, um pouco mais de 30 quilômetros, mais que a metade das espécies nativas da Grã Bretanha.

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Fotos do UK’s Royal Botanical Gardens Kew e vista aérea da Universidade de São Paulo

O articulista, visitando a fazenda, teve oportunidade para conhecer frutas como seriguela, jaboticaba, baru e outras frutas do cerrado, como variadas plantas nocivas como canela-de-ema, sucupira preta, jatobá-da-mata, e cactos, uma pequena amostra da diversidade destas plantas.

Quem visita o cerrado brasileiro pode encontrar uma ampla diversidade de plantas, frutas, animais, como córregos límpidos, agradáveis cachoeiras, vistas esplêndidas que devem impressionar os estrangeiros. E o Brasil apresenta outros ecossistemas como o pantanal, resquícios da Mata Atlântica, a vasta Amazônia, o sertão, o agreste, os campos e outras variadas atrações diferenciadas.

Afirma-se que somente um quilômetro quadrado da Amazônia brasileira apresenta mais que toda a biodiversidade possível de se encontrar em todos os Estados Unidos. A maioria das florestas encontradas em outras regiões do mundo apresenta predomínio marcante de uma só variedade, como se encontrava em algumas partes do Brasil como nas regiões dos pinheirais.

Muitas destes vegetais já eram conhecidos pelos nativos com suas qualidades terapêuticas. Hoje, existem algumas pesquisas científicas que procuram identificar suas características de forma a permitir variados aproveitamentos, como os de perfume, medicamentos, frutas, alimentos etc., além de sua exploração sustentável como madeiras.

O conhecimento sistemático desta ampla biodiversidade ainda é pouco conhecida, inclusive de animais e bactérias que podem ser aproveitadas. Com as técnicas de combinações destas biodiversidades, tornam-se quase infinitas as possibilidades de aperfeiçoamentos e aproveitamentos.


2 Comentários para “Financial Times Publica Sobre a Vida Selvagem no Brasil”

  1. João baptista Goulart Lopes de Almeida
    1  escreveu às 15:57 em 25 de abril de 2012:

    Que a nossa bio-diversidade é a mais rica do planeta,não é novidade. O que eu gostaria de saber é quando vão recompensar o povo Brasileiro,que preserva mais da metade de seu território?
    Atenciosamente , João Baptista.
    Agurdo retorno…

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:34 em 25 de abril de 2012:

    Caro João Baptista,

    Ninguem vai recompensar pela preservação. O que temos que aprender é aproveitar esta biodiversidade de forma sustentável, transformando muitos em remédios, utilizá-los cruzando-os para desenvover novas variedades resistentes a pragas, outras com maior eficiência produtiva etc. Precisamos trabalhar muito em cima deste patrimônio nacional, como já estamos fazendo, ainda de forma tímida. Mas, muitos dos produtos que V. utiliza cotidianamente já decorrem de aperfeiçoamentos que foram introduzidos com a seleção adequada de variedades que dispomos.

    Paulo Yokota