Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Importância das Pesquisas e Tecnologias no Brasil

4 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: caso da Boeing, FMC Technology, fornecimentos com tecnologias avançadas, pesquisas

As tradicionais empresas multinacionais também estão se voltando às pesquisas necessárias no Brasil, pois parecem convencidas que os desafios da economia brasileira exigem tecnologias de ponta para assegurarem seus fornecimentos. Dois casos noticiados hoje pelo Valor Econômico mostram casos concretos em que esta orientação está sendo adotada. A filial da Boeing no Brasil, comandada por Donna Hrinak, ex-embaixadora dos Estados Unidos no país, anuncia a montagem de um centro de pesquisas com vistas ao desenvolvimento de biocombustíveis. A FMC Technology, fornecedora de soluções de tecnologia para a indústria de petróleo, anuncia um acordo de US$ 1,5 bilhão com a Petrobras para o fornecimento inicial de 78 equipamentos (valor de US$ 900 milhões), as chamadas árvores de natal submarinas que serão utilizadas no pré-sal, submetidas às maiores profundidades e pressões.

As necessidades brasileiras estão se tornando mais complexas, e a Boeing estima que a demanda do Brasil de aeronaves nos próximos 20 anos devem chegar a US$ 100 bilhões. Mas, no estágio inicial das pesquisas, os montantes investidos são modestos, devendo girar em torno de US$ 4 a 5 milhões. Além do biocombustível, as pesquisas devem ser voltadas ao controle do tráfego e desenvolvimento de novos materiais para a aviação. Além da Embraer, deverá se manter entendimentos com a FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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Donna Hrinak, da Boing no Brasil, e José Mauro Ferreira, diretor comercial da FMC Technology no Brasil

A Boeing já conta com fornecimentos de componentes feitas no Brasil pela Embraer, e apesar do pessimismo de muitos brasileiros, muitas empresas brasileiras já participam de projetos globalizados que contam com alguma contribuição local. Isto não ocorre somente com o Brasil como se verificou por ocasião dos acidentes naturais no Japão e na Tailândia. Todos os operadores globalizados contam com alguns componentes produzidos em países que nem sempre são considerados os mais avançados tecnologicamente.

Os problemas que estão sendo enfrentados no pré-sal são originais no mundo. Quando alguns superficialmente informados atribuem às grandes operadoras mundiais sobre possíveis negligências podem estar causando danos difíceis de serem superados sobre as empresas potencialmente interessadas em operarem no Brasil, em situações novas, ainda não conhecidas.

A própria presidente da Petrobras já deu indícios sobre estes desconhecimentos que não são somente dos brasileiros, mas mundiais. Os conhecimentos acumulados no Mar do Norte ou em outras operações offshore ainda são rudimentares, e a própria Petrobras atua em algumas áreas no exterior para obter experiências.

Isto não acontece somente na área da exploração do petróleo como muitos minerais já foram produzidos no Brasil para suprimento internacional. A ampla biodiversidade brasileira continua sendo um desafio interessante, de onde há possibilidade de se obter soluções para muitos problemas enfrentados pela humanidade.

Não se devem confundir algumas medidas conjunturais de restrição com o protecionismo. Os atuais detentores de tecnologias competitivas em alguns setores, como em alguns países asiáticos, também acumularam conhecimentos que não tinham, cometendo alguns erros. Se hoje, condições estranhas ao desenvolvimento tecnológico influem no equilíbrio que veio se construindo ao longo da história, sempre é bom lembrar que todo o processo de desenvolvimento é datado.

A China foi uma grande inovadora até a Revolução Industrial, e os Estados Unidos com uma história tão longa como a brasileira já esteve bem atrás da Europa. Hoje, os países emergentes passam por um período de grandes desafios e muitas empresas no mundo se juntam aos esforços nacionais para atender algumas de suas necessidades.