Todos Reclamam Quando o Cobertor é Curto
27 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo do Project Syndicate, desafios dos próximos lideres eleitos, publicado no O Estado de S.Paulo
Um artigo do Richard N. Hass, presidente do Conselho de Relações Exteriores, foi distribuído pelo Project Syndicate e publicado em português no O Estado de S.Paulo dando conta dos desafios que deverão ser enfrentados pelos próximos líderes a serem eleitos. Nos próximos meses, devem ocorrer eleições com muitas mudanças de comando na Rússia, China, França, Estados Unidos, Egito, México e Coreia, entre outros países. Quem for reeleito ou assumir o poder deve enfrentar grandes desafios decorrentes das limitações a que está sujeito, segundo o autor.
Apesar da discrepância das situações políticas nestes países, os desafios decorrentes das limitações econômicas apresentam situações semelhantes. Todos os países são dependentes do resto do mundo, tanto para suas exportações como para serem supridos em suas necessidades. Todos dependem de energia e o seu mercado apresenta vulnerabilidades. Todos enfrentam situações de terrorismo, dos armamentos, das doenças e das mudanças climáticas. As suas fronteiras não garantem o seu isolamento.
Richard N. Haass
Segundo o autor, a globalização permitiu um imenso fluxo de pessoas, ideias, gases de efeito estufa, bens, serviços, moedas, mercadorias, sinais de televisão e rádios, drogas, armas, e-mails, vírus que se espalham pelo mundo. Não podem ser enfrentados por um só país, exigindo uma complexa cooperação internacional.
Outro desafio decorre da disseminação da tecnologia, onde todos têm mais acesso a dados e informações, numa velocidade elevada, não permitindo a nenhum governo o seu controle, mesmo que desejado por alguns. Mesmo os governos autoritários não podem mais controlar os seus cidadãos facilmente.
Os cidadãos aspiram por liberdades e acesso aos bens que proporcionam o seu bem estar, aumentando suas reivindicações que superam a capacidade de atendê-los. O crescimento econômico está baixo em alguns países desenvolvidos e os dos emergentes também se reduziram. As taxas de desemprego estão elevadas, que também significa que a capacidade produtiva não está totalmente utilizada.
Demograficamente, está havendo um envelhecimento da população, fazendo com que menor percentual de população ativa tenha que suportar encargos maiores de aposentados e outros dependentes, tendendo a agravar as desigualdades econômicas. Tudo isto aumenta os desafios a serem enfrentados.
Para se defenderem das dificuldades provenientes do exterior, alguns países procuram restringir a mobilidade, elevando seu protecionismo e nacionalismo, tornando cada vez mais difícil o consenso internacional.
Ainda que estas considerações possam levar o pessimismo para muitos, na realidade, ao longo da história da humanidade, estes desafios acabaram sendo a raiz para soluções criativas para a superação das limitações.
O fato concreto é que nas últimas décadas houve a incorporação de grandes massas no mercado, com bilhões de habitantes que estavam condenados às condições degradantes de vida, que já não são mais aceitas, com grande destaque para os asiáticos e os dos países emergentes. Isto causa incômodos para os que estavam acostumados com padrões de vida não condizentes com a sua produção, necessitando que eles se ajustem à dura realidade.
O desenvolvimento tecnológico está aumentando a produtividade nos mais variados setores, havendo produções para atender as necessidades de alimentações de toda a população mundial, bem como as de moradia, transporte, vestimenta etc.. Os serviços estão exigindo novos contingentes de trabalhadores para atender as novas necessidades, mas os treinamentos de recursos humanos ganham maior eficiência.
O que parece carente é a presença de estadistas capazes de conduzir as populações para ajustamentos mais rápidos, que exigem sacrifícios. Mas ampliam-se as oportunidades para o surgimento de novos líderes que tenham mensagens construtivas, permitindo que os desenvolvimentos econômicos, políticos e sociais ocorram com respeito ao meio ambiente.
Os seres humanos são dotados dos instintos de sobrevivência e perpetuação da raça, e com os intensos intercâmbios de experiências que estão ocorrendo em todo o mundo, as melhores acabarão sendo selecionadas para que aperfeiçoamentos continuem a se observar como sempre veio ocorrendo, talvez a uma velocidade maior do que no passado recente.
Tivemos décadas de prosperidade e alguns anos de dificuldades, mas já existem os primeiros sinais que as dificuldades e limitações começam a ser superadas, com maior liberdade.
Alguns podem considerar que os copos estão meio vazios, e outros meio cheios…