Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Jogo do Bicho Vira Matéria no The Economist

10 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: a procura das diversificações de atividades ilícitas, como “bicheiros” estão no noticiário internacional, paralelos no exterior

Lamentavelmente, as atividades ilícitas não são um privilégio brasileiro estando presente nas maiorias das sociedades humanas, em maior ou menor grau. Como o popular jogo do bicho acabou ficando restrito no Brasil depois da popularização de muitas apostas legais como a loteria esportiva, a mega sena e outras que estão controladas pela Caixa Econômica Federal, com parte substancial dos seus resultados voltados para atividades sociais, os seus banqueiros chamados “bicheiros” acabaram migrando para outras atividades ilícitas, como a exploração de máquinas caça níqueis, cassinos clandestinos e envolvendo-se em atividades carnavalescas e nas de obras públicas, que dependem de políticos eleitos.

A matéria do The Economist faz um histórico do seu aparecimento com a instalação de um zoológico no Rio de Janeiro em fins do século XIX e o sorteio para atrair frequentadores. A atração acabou se desvirtuando passando a guardar somente o seu nome relacionado aos animais. Algo similar também aconteceu em Nova Iorque, ambos sobrevivendo com a corrupção de policiais que deveriam coibir estas atividades. No Brasil, mesmo com o governo federal transferindo tipos de apostas para o seu âmbito, controlando seus ganhos, algumas autoridades estaduais acabaram tolerando a atividade de alguns “bicheiros”. Segundo o artigo, para realizarem algo como relações públicas acabaram se imiscuindo com o Carnaval. Atuando numa zona cinzenta, entraram na política, que em qualquer país necessita de muitos recursos, multiplicando os problemas e a sua amplitude, de forma lamentável.

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Os jogos de azar existem em muitos países, e as autoridades procuram fazer com que os seus resultados sejam controlados, na forma de contribuição para os cofres públicos. Mas sempre existem os que procuram contornar os controles gerando recursos ilícitos que acabam alimentando atividades escusas.

Existem os que imaginam que com a sua legalização poderia se eliminar os problemas, mas as atividades que proporcionam apreciáveis resultados acabam atraindo pessoas mal intencionadas que multiplicam suas atividades, burlando regulamentações, mesmo que sejam severas.

No que se refere às atividades públicas, parece existir mecanismos mais eficientes de controle com o que se chama “accountability”, que não tem uma tradução adequada para o português. Seria a possibilidade de melhor fiscalização dos representantes pelos representados, sendo que mais adequados parecem ser os que as fiscalizações dos eleitores se concentrem nas atividades de poucos eleitos.

Assim, o voto chamado distrital parece permitir circunscrever os eleitores sobre poucos candidatos, em vez das eleições gerais como as brasileiras. Todos os eleitores do Estado de São Paulo, por exemplo, necessitam fiscalizar 70 deputados federais que são eleitos, o que é reconhecidamente uma tarefa muito difícil. No voto distrital, os eleitores de cada distrito precisam fiscalizar somente alguns candidatos, podendo acompanhar a sua vida mais de perto. É o que prevalece nos Estados Unidos, na França e no Japão, entre outros países. Mas,isto pode provocar uma distorção, transformando-os todos em espécie de “vereadores” que cuidam somente dos interesses locais.

Variações do sistema existem, como na Alemanha que adota o sistema distrital misto, onde existem eleitos por distritos e outros pelas listas partidárias. Tudo indica, também, que o sistema parlamentarista apresenta algumas vantagens sobre o presidencialista, pois permite à mudança do governo toda a vez que ele não conta com o suporte da maioria. Mas pode acabar exagerando, com mudanças constantes do gabinete como no Japão, ou a dificuldade de formação da maioria como atualmente na Grécia. Parece que não existe o sistema perfeito, pois os seres humanos não o são.