Os Novos Consumidores da China
24 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do The Wall Street Journal, autoria de Tom Doctoroff, reprodução no Valor Econômico
O Valor Econômico reproduziu um artigo de Tom Doctoroff, que é o presidente da J. Walter Thompson para a Ásia Maior, publicado originalmente no The Wall Street Journal, tratando das características dos novos consumidores na China. Ele tem uma experiência de 20 anos trabalhando em publicidade naquele país, e informa que eles estão se modernizando com o consumo de produtos de luxo consagrados no Ocidente, mas não se ocidentalizando. Eles estão ficando cosmopolitas, mas continuam mantendo os costumes chineses.
Os produtos de marcas ocidentais que estão consumindo são globais e isto está ocorrendo dentro de um processo para tornar a China uma superpotência. Os fundamentos culturais do país continuam os mesmos de milhares de anos, com influências como do confucionismo (o que se observa em todo o Extremo Oriente, englobando o Japão e a Coreia). A estrutura hierárquica de clã continua sendo mantida na China. Neste processo, alguns aspectos entram em conflito, havendo comportamentos diferenciados entre os chineses, principalmente os mais jovens e os que atuam no mundo globalizado.
Tom Doctoroff
Os chineses costumam se comportar como membros de um clã ou de uma coletividade chinesa, ainda que muitos procurem se destacar individualmente, marcando o enriquecimento que alcançaram. Os consumos dos produtos de luxo e mesmo as preferências por joias estão relacionados com a história de guerras e conflitos internos, e os ajudam a se preservar dos que lhes tendem a tomar parte do seu patrimônio.
É preciso entender que os chineses são hábeis comerciantes, com tradições que remontam a Rota da Seda que os ligava aos fenícios no comércio com o antigo Oriente Médio. Conhecem tudo que lhes podem proporcionar vantagens. A segurança é um valor que prezam e seus consumos evitam a dependência com relação a terceiros, mantendo suas disponibilidades e elevado nível de poupança.
Se eles intensificaram suas viagens para o exterior, onde são bons compradores de produtos de grifes, um dos objetivos das famílias é ensinar aos seus poucos filhos como os empresários atuam em outros países, fazendo parte de sua educação. Uma parte da atual ostentação é para mostrar o status que já conquistaram e que obtiveram sucesso na vida, tanto perante o mundo como dentro da sociedade em que vivem.
Hoje, os chineses são importantes consumidores, tanto das lojas de grifes internacionais que se instalaram no seu mercado, como quando estão viajando pelo exterior. Evidentemente, alguns chineses estão se destacando pelo seu elevado nível cultural, mas a massa de sua população está em forte ascensão econômica, passando a fazer parte do mercado internacional. Alguns preservam as características de novos ricos.
É preciso que se tenha consciência que uma parcela dos chineses sempre gozou de grandes privilégios econômicos, principalmente como elites comerciais e financeiras, se espalharam pelo mundo, destacando-se em cidades como Hong Kong, Cingapura e em outras localidades das Américas, Austrália bem como a Europa. Alguns comerciantes chineses estão adquirindo estabelecimentos comerciais no exterior até para aproveitar a massa de turistas chineses que estão viajando e adquirem grandes volumes de mercadorias em outros países, principalmente os de marcas consagradas.