Preparativos Para a Reunião do Rio + 20
8 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: dificuldades e pragmatismo, período de mudanças econômicas e políticas, Rio + 20 em junho
Basta abrir qualquer jornal para ser confrontado com dificuldades econômicas e políticas que se multiplicam por muitos países mundo afora. O período é ingrato para avanços substanciais nos entendimentos como os que devem ser discutidos na próxima reunião do Rio + 20, que deveria ser um marco importante da consciência mundial sobre as necessidades de preservação do meio ambiente. Mas, até pelo pessimismo que anda rondando a todos, é possível que surpresas inesperadas possam ocorrer. No mínimo é a nossa esperança.
A Folha de S.Paulo publica uma entrevista de Brice Lalonde, o ex-ministro francês do Ambiente, e coordenador do Rio + 20. Ele informa que o evento deverá ser mais amplo do que uma reunião sobre o clima, discutindo como vamos viver em ambientes sustentáveis nos próximos 20 anos, e como vamos produzir alimentos de forma sustentável. Ele deixa explícita sua opinião que a diplomacia brasileira está demasiadamente tímida, procurando de forma pragmática a presença de autoridades mundiais na reunião. Angela Merkel, da Alemanha, além de enfrentar a mudança política na França que põe em perigo a Comunidade Europeia, corre o risco de não se reeleger no seu próprio país, e já afirmou que não estará na reunião do Rio. Todos os políticos no mundo não veem como podem aproveitar esta reunião que corre o risco de não colher conclusões avançadas para aumentar seus prestígios que estão abalados com as dificuldades econômicas presentes.
Brice Lalonde, coordenador do Rio + 20
É preciso constatar que as reuniões anteriores também não obtiveram o resultado esperado, pois a China e os Estados Unidos, que são os dois países mais poluidores do mundo, não aderiram às decisões, como o do Protocolo de Kyoto, comprometendo-se com medidas concretas, muito menos com metas claras.
No momento, só se esperam afirmações gerais para 2015, e o Brasil corre o risco de ver prejudicada a sua imagem de empenho se a presidente Dilma Rousseff não vetar a nova versão do Código Florestal que foi deformada na Câmara dos Deputados, quando se tinha obtido um acordo razoável no Senado. Aguarda-se o veto e a publicação de uma nova Medida Provisória, que pode sofrer forte oposição da bancada ruralista.
Ainda que os dois assuntos não tenham ligação, como colocou o professor Antonio Delfim Netto na sua coluna no Valor Econômico, a imprensa acaba correlacionando um ao outro, como símbolos. Além da reunião em si do Rio + 20, espera-se amplas manifestações de todos os tipos, transformando-se num happening do qual os brasileiros são os mais credenciados. Espera-se que radicais não ofusquem a imagem brasileira com violências.