Importante Suplemento do Valor Econômico
12 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: dificuldades apontadas, sobre a inovação na economia brasileira, suplemento do Valor Econômico | 2 Comentários »
O jornal Valor Econômico tem publicado suplementos especiais de grande importância, como o relacionado com a inovação na economia brasileira, inclusive com algumas traduções para o inglês. É um documento para a XII Conferência ANPEI (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), que se realiza nestes dias em Joinville – SC, com o apoio do Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
Na sua carta ao leitor, com o título “Esforço conjunto para crescer”, observa que existem iniciativas pioneiras como a recente criação da Visiona Tecnologia Espacial, pela Embraer e Telebrás, mas, apesar de mais de 60 instrumentos para acelerar a produção intensiva de inovações tecnológicas, numa recente pesquisa feita pela GE – General Eletric em 22 países, chamado Barômetro da Inovação Global, o Brasil ficou em 17º lugar. As empresas brasileiras ficam atrás da China, Índia e África do Sul, e segundo os dados da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, aplicando 0,55% do PIB, enquanto a coreanas 2,58%, as alemãs 1,87% e as francesas 1,18%.
Além de um diagnóstico claro da situação, elaborado por Ediane Tiago, com o título “Falta ousadia para atingir um novo patamar”, com dados expressivos, mostra-se as tendências dos dados estatísticos brasileiros, com um consenso entre os cientistas. Apesar de alguns dados mais promissores, o corte do orçamento do MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em 22% é considerado um “balde de água fria”. Mesmo que haja tentativas de coordenação da política governamental, procurando dar uma perspectiva de longo prazo, ainda nota-se a falta de clareza na orientação governamental, sem a qual o setor privado não se sente encorajado a promover as inovações.
Mas muitas ideias estão sendo discutidas, tanto para as empresas nacionais, criando-se uma cultura de inovações, como a participação de empresas estrangeiras que desejam atuar no Brasil, muitas em parcerias com instituições públicas de pesquisas.
A carência de recursos humanos é colocada com franqueza, principalmente no setor privado. As estatísticas mostram que as solicitações de patentes em 2010 continuam dominadas pelos Estados Unidos, sendo insignificante no Brasil, havendo um aumento de artigos científicos publicados pelos brasileiros, quando comparado com o passado.
A entrevista com o ministro de Ciências, Tecnologia e Inovações, Marco Antonio Raupp, um especialista no assunto, deixa clara a posição governamental que deve agir em resposta às ações privadas, com os instrumentos já disponíveis, informando que existem recursos em diversas organizações públicas. Mas não parece que ele está ousado suficiente para provocar mudanças significativas no cenário governamental.
O que o suplemento traz de novidade é que, além de cobrir os principais assuntos relacionados com a inovação, apresenta um enfoque de cadeias produtivas em variados setores, de forma que haja uma sinergia adequada dos esforços de muitas empresas e entidades governamentais.
A esperança é que, com discussões como estas, considerando os esforços em andamento, chegue-se a posições mais ousadas e operacionais, transformando em ações objetivas o que ainda parece estar nos discursos. De qualquer forma, os desafios aí estão e, na medida em que haja um amadurecimento da consciência pública e privada de que inovações são as chaves do desenvolvimento, parece que há esperanças para o Brasil.
Srº Yokota,
Na minha concepção o problema do Brasil vai além de investimentos em tecnologia. Os brasileiros não tem espírito empreendedor, muitos preferindo trabalhar como servidores públicos ou os mais qualificados em empresas estrangeiras já renomadas, ficando os escassos profissionais que se aventuram numa empreitada que nem o Estado os ajuda.
O Brasil é a 6ª maior economia do mundo, mas tem baixa tecnologia em áreas estratégicas, como eletrônica, mecânica e tecnologia de informação fundamentais em muitas setores como naval, aeronáutico, geração de energia, ferrovias, serviços, etc.
São Carlos uma cidadela que tem mais de 20 mil estudantes universitários, tem poucas indústrias tecnológicas(maioria de pequeno porte), é um região que não é rica, PIB per capita de R$ 16.000, baixo se comparado a outras como Campinas e São José do Campos, que são igualmente tecnopólos. Prova que nem mesmo lá ninguém quer se aventurar. O Oeste Paulista e Vale do Paraíba é rico principalmente por causa de indústrias estrangeiros que de certa forma ajudam a manter as locais, pelo menos até ontem. O mundo muda muito rápido, quem sabe já estão comprando peças chinesas, não é mesmo.
Caro Tiago,
Não entendí a sua apresentação. Pois o segundo parágrafo desmente o primeiro. Não é preciso ser crítico com relação ao Brasil para ser patriota. No caso da China, eles já conseguiram por que se empenharam no desenvolvimento tecnológico. A minha longa experiência com o empreendorismo brasileiro indica que nada termos a perder de muitos países semelhantes. Não é preciso ser xenófobo, pois em muitos setores estamos na ponta. Na proximidade de São Carlos, por exemplo, somos os líderes mundiais em suco de laranja e mesmo as empresas localizadas na Flórida e na California são brasileiras. A Embraer mostra que somos competitivos, como a Vale e a Petrobrás. Não é preciso ter complexos. Se não tivéssemos razoáveis os estrangeiros não se interessariam em fazer investimentos no Brasil.
Paulo Yokota