Nova Petrobrás no Governo Dilma Rousseff
27 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista da Graça Foster, perigos do corporativismo, prata da casa, redução das indicações políticas, tendências da administração pública
Se existe uma nítida tendência do governo Dilma Rousseff é o prestígio da prata da casa, baseada na meritocracia. Isto vem se observando no Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, Vale e na Petrobras, para citar os casos mais relevantes. Para seus diretores passaram a ser escolhidos funcionários destas instituições, mesmo criando arestas com as pretensões de segmentos políticos. Até do principal partido situacionista que vinha inchando a administração pública, direta e indireta. Quando da indicação de Graça Foster para a presidência da Petrobras sentia-se que haveria significativas mudanças nesta empresa de grande importância estratégica para o governo e para a economia brasileira, que começaram na designação dos demais diretores, estilo de administração, como na máquina administrativa representada pelos superintendentes e gerentes setoriais.
A entrevista concedida na última segunda feira, 25 de junho, pela presidente Graça Aranha para a imprensa mostrou toda sua dureza, sem nenhuma concessão para a diplomacia, política ou relações públicas, auxiliando até na significativa baixa nas cotações de suas ações na Bolsa. Segundo o relato das jornalistas Cláudia Schüffner, Rodrigo Polito e Marta Nogueira, no artigo publicado pelo Valor Econômico que melhor captou o processo em pleno andamento, ela foi direta aos pontos cruciais para a Petrobras, mostrando todo o seu estilo, sem meias palavras, respaldada na sua forte identidade e apoio da presidente Dilma Rousseff.
Presidente da Petrobras Graça Foster
Graça Foster apontou que a Petrobras vinha divulgando metas que eram descumpridas, ela convivia com a falta de planejamento, controles insuficientes e ineficiência operacional. As metas para os próximos anos foram realisticamente rebaixadas, deixando de contar com milagres, indiretamente reconhecendo que funcionários escolhidos politicamente eram parcialmente responsáveis pela desordem.
Na sua objetiva apresentação como na resposta às perguntas formuladas pelos jornalistas, ela utilizou o seu estilo franco e duro. A uma questão relacionada com o conforto da Petrobras com as novas metas, ela respondeu que todos os 365 dias na estatal eram de desconforto, na tenaz perseguição por maior eficiência.
Houve fortes críticas à administração anterior, sobre as diversas metas e os atrasos observados, não somente com os fornecimentos internos como externos dos equipamentos. Mas informou que estes atrasos não são a regra geral, mas de alguns projetos específicos.
Mostrou que a Petrobras agora tem um comando, desautorizando diretores a tomar decisões isoladas. Ela procura se inteirar de todos os projetos, convocando reuniões até nos fins de semana, visando que os investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2016 sejam executados.
Plataforma da Petrobras em alto mar
Todos os novos projetos serão devidamente avaliados, com cronogramas certos, bem como seus custos. Graça Foster está sendo rigorosa até sobre os tempos concedidos para as apresentações dos diretores, enfatizando o novo estilo da administração e gestão.
O reajustamento dos preços dos combustíveis determinado pelo governo ficou abaixo do que seria desejável para gerar os recursos necessários para a Petrobras, e tudo indica que haverá novos tranches no futuro, mesmo que se preveja a queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Mesmo estejam sendo feitas críticas até por representantes de acionistas privados, o fato concreto é que os custos internos são bem abaixo dos praticados no mercado mundial.
As mudanças que se observaram na direção da Petrobras não se resumem somente na diretoria, mas se estendem pelos superintendentes e gerentes, muitos que eram designados por critérios políticos.
A Petrobras chegou a ser considerada uma estatal que tinha um comportamento corporativo, buscando objetivos próprios que independiam do governo e da economia brasileira. Mesmo nos períodos autoritários, as informações eram que os comandos governamentais não chegaram até os escalões inferiores.
Espera-se que estas mudanças que não se restringem à Petrobras, mas a diversos setores da administração pública, ainda que gerem reações políticas, acabem beneficiando a eficiência da gestão, proporcionando resultados esperados para a economia brasileira, que continua perseguindo uma aceleração do seu crescimento, elevando até o conteúdo local das encomendas do governo.