Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Problema dos Cursos Feitos no Exterior

11 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo sobre o assunto republicado na Folha de S.Paulo, casos no Brasil, exemplos japoneses

Ainda que o mundo esteja globalizado e muitos alunos de diversos países entendam que fazer cursos no exterior seja interessante, acabam ocorrendo algumas dificuldades como as apontadas num artigo de Hiroko Tabuchi, publicado originalmente no The New York Times e republicado em português na Folha de S.Paulo. Refere-se a estudantes japoneses que foram estudar no exterior e acabam encontrando dificuldades para obter empregos nas empresas japonesas, ainda que tenham conhecimentos obtidos no exterior, que são necessários para estas organizações do Japão.

Para se entender estes problemas, que não se resume somente aos cursos que devem ser reconhecidos no Japão, como ocorre no Brasil, parece preciso compreender as tradições japonesas herdadas das influências confucionistas. Como uma sociedade hierarquizada, as suas empresas ainda costumam admitir recém-formados anualmente, para que façam as suas carreiras ao longo de suas vidas, mesmo que isto esteja se alterando recentemente. Ao mesmo tempo, com a tradição peninsular, há uma tendência no Japão para se evitar os que estão fora do padrão básico, mesmo que as atuais autoridades japonesas estejam estimulando estudos complementares no exterior.

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Conheci o caso concreto de um médico japonês que efetuou estudos complementares de cardiologia nos Estados Unidos e na França. Voltando ao Japão, só conseguiu que um professor japonês o enviasse a uma faculdade no interior, pois as cirurgias só eram reservadas para a sua equipe que veio estudando no Japão. Solicitou-me a oportunidade para trabalhar no Brasil, mas aqui o diploma obtido no exterior necessitava de um longo processo de reconhecimento, tornando impossível esta alternativa.

Também aqui no Brasil, muitos cursos feitos no exterior são difíceis de serem reconhecidos, ainda que estes casos somente se assemelhem com o que ocorre no Japão. Este quadro está se alterando, mas o caminho mais fácil é obter um emprego nas empresas japonesas que possuem subsidiárias no exterior, para tentar uma posterior transferência para a matriz japonesa.

Muitos estudantes brasileiros que se encaminham para aperfeiçoamentos no exterior devem procurar empregos iniciais no Brasil para depois tentar complementar seus conhecimentos no exterior, se desejarem atuar no Brasil. Muitos acabam conseguindo empregos no exterior, e nem sempre é fácil retornar ao seu país de origem, mesmo no atual processo de globalização.

As exigências para empregos costumam ser diferentes em cada país, mesmo nas empresas com atuação globalizada. Há que se entender que existem grupos internos com comportamentos corporativos, e nem sempre todas as decisões ocorrem somente pelo mérito, lamentavelmente, na maioria dos casos, em qualquer país.

No caso japonês, tudo indica, existem maiores entraves, ainda que as empresas estejam contratando crescentemente executivos estrangeiros.