Os Problemas Enfrentados pela Índia
11 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo publicado no The New York Times, dificuldades em muitos países, republicado na Folha de S.Paulo | 2 Comentários »
Um interessante artigo foi escrito por Jim Yardley e Vikas Bajaj no The New York Times e republicado em português na Folha de S.Paulo com o título “Índia enfrenta crise no próprio país”. Informa que, além dos efeitos da crise mundial, existem disputas internas do grupo comandado pelo premiê Manmohan Singh e pela Sonia Gandhi, uma líder do partido da situação Congresso Nacional Indiano, dificultando a superação do decréscimo do crescimento que também ocorre naquele país.
Todos estão informados que a China também passa por uma desaceleração do crescimento que vinha obtendo nas últimas décadas, havendo necessidade de reformas substanciais em diversos setores para passar da exagerada dependência do mercado externo para o interno. São abundantes os artigos que informam sobre as substanciais dificuldades chinesas. No Brasil, também são constantes as críticas sobre o governo atual, sob a alegação que as medidas tomadas são somente pontuais, sem resolver os mais profundos e estruturais existentes na economia brasileira.
O fato que parece concreto é que todos os países, principalmente os considerados emergentes, foram beneficiados por décadas de um crescimento substancial da economia mundial, quando os seus problemas internos ficavam camuflados. Todos os processos de desenvolvimento costumam ser de constantes superações dos obstáculos que vão aparecendo, mas na euforia geral os mesmos nem sempre são enfrentados.
Os que criticam e apontam as atuais dificuldades deveriam ter a humildade de reconhecer que todos os governos fazem o que podem e não exatamente o que querem. O quadro internacional adverso está desacelerando o crescimento em todos os países, quando não enfrentam situações de depressão. E a maioria dos analistas admite que a crise atual seja de longa duração, e todas as medidas possíveis enfrentam limitações.
É sempre mais fácil apontar as dificuldades e recomendar reformas de profundidade, mas os que estão no poder contam com muitas limitações que não são somente econômicas, mas decorrem do quadro político. As medidas necessárias costumam gerar fortes resistências eleitorais, como as que estão se observando nos países europeus.
Existe um ditado político que afirma que a primeira obrigação de qualquer governo é tentar continuar no poder. Mas um quadro econômico adverso acaba provocando uma insatisfação política que costuma proporcionar resultados eleitorais negativos, mesmo que as oposições não contem com soluções para superar as limitações que se apresentam. O desejo de mudança costuma ser geral, na esperança de que existe uma mágica, sentimento que acaba sendo aproveitado por políticos populistas.
As tendências da população costumam ser ciclotímicas, levando a euforias exageradas nos períodos de crescimento, e depressões profundas nos momentos mais difíceis, quadro que não facilita na eficácia das medidas tomadas.
Sempre existe a impressão que há possibilidade de políticas econômicas mais eficientes, mas quando se observa que até os países que contavam com performances respeitáveis enfrentam sensíveis desacelerações, parece conveniente que haja um sentimento de respeito mesmo com os crescimentos modestos.
É necessário haver o pluripartidarismo para ocorrer a liberdade política. No caso da Índia o mal relacionamento entre situação e oposição vem degradando a economia do país, lembrado que em Roma foi justamente os conflitos internos que o império entrou em colapso, e no mundo globalizado altamente dependente, a crise pode decorrer num efeito domonó.
Caro Wagner Aguiar,
Obrigado pelos comentários. No entanto, é preciso atentar que cada país apresenta suas próprias características que são dificeis de serem identificadas por uma análise superficial. Eles possuem uma longa tradição, educação de elevado nível de influências inglesas, como as provenientes de Cambridge e Oxford. Precisamos ser modestos na análise das dificuldades dos outros, pois até os nossos não compreendemos adequadamente.
Paulo Yokota